Economia – 17/01/2012 – 12:01
Chineses fazem compras em um mercado de carnes em Xangai, nesta terça-feira. As medidas do governo para combater a inflação reduziram o crescimento da China (Foto: AP)Chineses fazem compras em um mercado de carnes em Xangai, nesta terça-feira. As medidas do governo para combater a inflação reduziram o crescimento da China (Foto: AP)
Dados oficiais sobre o crescimento da economia da China foram divulgados nesta terça-feira (17) e há uma mistura de notícias boas e ruins no relatório. As primeiras são boas: a desaceleração foi menor do que o esperado e as bolsas de valores na Ásia e na Austrália subiram bastante, numa resposta otimista aos dados. As notícias ruins são preocupantes: a economia chinesa, um dos principais motores da economia mundial, teve seu menor crescimento nos últimos dez trimestres, e as perspectivas são de que o país asiático terá problemas para manter seu crescimento nos próximos meses.
Os dados da economia da China são importantes pois os mais de 1,4 bilhão de chineses consomem uma grande parte da produção mundial, elevando a demanda e, assim, acelerando a economia de diversos países. É este o caso do Brasil. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do agronegócio em 2011 e mostrou que a China foi a líder nas importações de produtos brasileiros, com US$ 16,51 bilhões, US$ 10 bilhões a mais que os Estados Unidos, segundo colocado. Da mesma forma que o agronegócio, outros setores da economia brasileira, especialmente a indústria, dependem do crescimento da China para continuar crescendo. Se o crescimento da China for muito reduzido, pode afetar duramente outras economias.
Nesta terça, as bolsas de Xangai, Hong Kong, Japão, Índia e Austrália subiram após a divulgação dos dados. Os investidores ficaram animados ao receber a informação de que a China cresceu 8,9% no quarto trimestre de 2011, abaixo da média de 10% dos últimos 30 anos, mas acima do esperado. A agência de notícias Bloomberg, por exemplo, havia divulgado uma expectativa de crescimento de 8,7% após ouvir analistas.
O ânimo apresentado pelos investidores imediatamente após a divulgação dos dados da economia chinesa pode diminuir nos próximos dias, com uma análise mais precisa do significado dos números. Ainda que alto e capaz de fazer inveja à maioria dos países, o crescimento de 8,9% do PIB chinês no quarto trimestre de 2011 foi o menor desde o segundo trimestre de 2009, ano em que o mundo começou a se recuperar pela crise financeira dos títulos subprime iniciada nos Estados Unidos. Em todo o ano de 2011, o crescimento foi de 9,2%, o mesmo registrado em 2009, ano em que a China cresceu em seu menor ritmo desde 2002.
A desaceleração se deve à queda da demanda na Europa, que deve voltar a registrar recessão no início de 2012, e às medidas que o governo chinês tomou para controlar a inflação em 2011. De acordo com o jornal britânico The Guardian, o comissário do Escritório Nacional de Estatísticas da China, Ma Jiantang, afirmou que os problemas da economia global e as pressões inflacionárias em casa significam que a China está diante de “complexidades e desafios”. “Vamos ter pela frente uma série de riscos que vão afetar o crescimento estável da economia chinesa”, afirmou.
A inflação que afeta a economia chinesa é fruto do plano de estímulo de US$ 586 bilhões que o governo criou para combater a crise de 2008. Os empréstimos bancários cada vez maiores provocaram inflação e criaram uma bolha imobiliária, fazendo com que, desta vez, seja improvável que o governo chinês volte a tentar estimular a economia com planos bilionários. A expectativa é de que o crescimento da economia da China continue desacelerando em 2012, mas ao menos de forma de gradual e não abrupta, como em 2008.
Fonte: Ig
