13/05/2014 – Atualizado em 13/05/2014
Por: Da Redação/MC
A Rádio Caçula acompanhou durante toda esta terça-feira (13) a visita da equipe da revista Veja, de circulação nacional. A visita a Três Lagoas faz parte de uma expedição da editora que mostrará a economia de vários municípios em desenvolvimento no País.
Veja abaixo a matéria publicada no site da revista Veja, que têm circulação em todo o Brasil
Como Três Lagoas (MS) enriqueceu ao apostar na indústria
A economia do município, antes dependente da pecuária, passou a ter perfil industrial com a chegada de gigantes dos ramos da celulose e de refrigeradores
Há quinze anos, a economia de Três Lagoas (MS) dependia essencialmente da pecuária, e até então, o tamanho do comércio local era suficiente apenas para atender uma pequena cidade do interior.
Com a mão de obra relativamente mal qualificada, a média salarial era baixa. A cidade não tinha recursos naturais de grande valor e estava distante dos grandes centros, e parecia condenada a continuar dependente do setor pecuário como tantos outros municípios do Estado.
Hoje ao caminhar por suas ruas, a Expedição VEJA encontrou uma cidade que tem nas indústrias o principal motor de sua economia, sendo que a fabricante dos biscoitos Mabel foi a primeira a chegar, no fim da década de 1990.
Depois veio a Metalfrio, que instalou na cidade a maior fábrica de refrigeradores industriais da América Latina, com produção anual de um milhão de unidades. Nos últimos cinco anos, as mudanças aceleraram ainda mais com a chegada de duas grandes produtoras de celulose: a Fibria e a Eldorado.
Os números revelam a transformação radical na economia do município. Em 2013, a cidade de 105.000 habitantes exportou 1,1 bilhão de dólares. Dez anos antes, haviam sido 7,6 milhões.
A distância dos grandes centros foi compensada pelo fato de Três Lagoas ter uma posição privilegiada, porque está situada à beira do Rio Paraná. Isso permite o uso do transporte fluvial, mais barato do que o rodoviário e o ferroviário. Daqui, também é possível chegar a cinco Estados diferentes num raio de 280 quilômetros.
Os empreendedores só abriram os olhos para essas vantagens depois que o Estado e a prefeitura instituíram uma política de benefícios fiscais. As companhias que se instalam no parque industrial recebem gratuitamente o terreno com asfalto, luz e água, o que facilita a logística da produção. “As grandes empresas não vêm para o interior se não tiverem incentivo”, diz a prefeita Márcia Moura (PMDB).
Com o programa de atração de empresas, a cidade viu sua população se elevar significativamente em um curto período de tempo. A renda per capita média cresceu 110,26% em vinte anos. Nos próximos meses, serão inaugurados em Três Lagoas uma faculdade de medicina e um hospital da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
A geração de riquezas pelas indústrias incrementou o comércio. Desde 2005, uma norma local incentivou as lojas a funcionarem 24 horas por dia para atender os empregados dos três turnos das fábricas.
A cidade de 110.000 habitantes tem unidades da lanchonete Bob’s, das lojas Americanas e vai receber em breve seu primeiro shopping center.
Com a criação acelerada de vagas (apenas uma das fábricas de celulose responde por 30.000 postos diretos e indiretos), o município se aproximou do pleno emprego. Três Lagoas passou a atrair mão de obra de outras cidades e recebeu mais de 300 haitianos que hoje trabalham nas indústrias locais.
Um dos imigrantes do Haiti é Chedelin Pierre, de 28 anos, que chegou há um ano e sete meses. Em duas semanas, antes mesmo de ter o domínio da língua portuguesa, ele já estava empregado.
De lá para cá, o salário dobrou e chegou a R$ 1.600 reais. Ainda é pouco para os planos de Pierre, que quer ser engenheiro, mas ele não se queixa: “Foi um amigo que me indicou para vir para cá por causa da oferta de empregos. E não posso dizer que está ruim”, afirmou ele ao site de VEJA. Os três-lagoenses também não.