Durante julgamento na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS), denunciou abusos dos direitos humanos contra os presos políticos do 8 de janeiro, incluindo casos de violência, humilhação e negligência.
“Faço questão de demonstrar os abusos que tomei conhecimento. Quando eu vejo um senhor preso injustamente, eu vejo que meu avô poderia estar na mesma posição. Que meu pai poderia estar na mesma condição. Isso que quero deixar consignado e demonstrado. Impossível para um ser humano que tenha um pingo de humanidade no coração, suportar o conhecimento que eu tenho sobre essas pessoas que estão presas injustamente e não fazem nada”.
Pollon mostrou uma matéria de jornal mostrando uma das pessoas presas injustamente durante os atos de oito de janeiro abraçando seus filhos. “Uma mãe chora ao abraçar ao abraçar duas crianças, enquanto fala saudade repetidas vezes. Ao agachar é possível ver uma tornozeleira eletrônica em sua canela. Uma das crianças pergunta. Sobre o pai e ela responde ‘o seu papai está chegando já já. Ele está cumprindo uma missão’. Essa senhora é dona de um trailer de lanches em Vitória da Conquista, na Bahia. Ela ficou seis meses presa, enquanto seu marido, detido nos autos, segue na cadeia. O casal tem três filhos, dois deles menores de idade”, contou o deputado durante os trabalhos da Comissão.
“O que aconteceu no dia da obstrução nada mais foi que um conjunto, uma avalanche, de uma sucessão inequívoca de abusos acontecidos no País, que culminaram no pedido desesperado da oposição para que fosse feito algo absolutamente regimental que é respeitar a democracia e ir para o voto. Exclusivamente pautar um projeto que restabeleça a anistia, como já ficou consignado foi acordado na eleição, foi acordo após o pedido de urgência, e sim, nós estamos em uma situação desesperadora e o que culminou aquele ato de obstrução foi o clamor, o grito dessas pessoas. Não há mandato que valha um dia sequer de um inocente preso. E são dezenas. São centenas. São milhares que além de presos, estão sendo humilhados e torturados. A nossa revelia. Nós não suportamos mais. Nós não nos calaremos, não retrocederemos e lutaremos até o final pelo fim dessa injustiça”, disse.
A Comissão de Ética da Câmara dos Deputados iniciou os depoimentos de um dos processos disciplinares a que o parlamentar responde, após ocupação simbólica da cadeira da presidência da Câmara dos Deputados, durante ato de obstrução política em defesa dos presos políticos do 8 de janeiro.


