Geral – 23/02/2012 – 09:02
A declaração do governador Sérgio Cabral de que os patronos ligados ao jogo do bicho devem ser afastados das escolas, como forma de profissionalizar as agremiações, não encontrou apoio no mundo do samba. Integrantes das escolas e da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) não veem problema na participação dos patronos e acham que o desfile pode até ser prejudicado se não houver ajuda deles.
A afirmação do governador foi feita na segunda noite do Grupo Especial. Cabral concordou com o prefeito Eduardo Paes, que disse ser necessário haver profissionalismo e transparência na aplicação dos recursos repassados às escolas de samba.
O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, disse que, nos 28 anos em que trabalha no carnaval carioca, nunca viu qualquer “ato errado ou ilícito” na entidade. Castanheira acrescentou que se orgulha de trabalhar com os patronos e que o carnaval deve muito a eles:
— Sempre estive ao lado das pessoas a que ele (o governador) está se referindo e me orgulho muito de ter trabalhado com elas todos esses anos. Acho que elas é que têm que avaliar se querem ou não continuar ajudando as escolas. É uma questão de foro íntimo. A Liesa é uma entidade totalmente legalizada, com tudo em ordem.
A afirmação de Cabral irritou o dirigente da Beija-Flor, Farid Abrão David, irmão do bicheiro e presidente de honra da escola, Aniz Abraão David, o Anísio, que está preso:
— Se ele (Cabral) falou isso, foi altamente infeliz. As escolas já foram investigadas dezenas de vezes. Vê o nosso carnaval? Manda ele (sic) lá ver as nossas escolas. Estão à disposição de quem quer que seja. Isso é problema dele. Ele é o governador. Manda ele (sic) tomar as medidas que achar interessantes.
Fonte: O Globo / Thiago Lontra / O Globo