Com aumento preocupante nos atendimentos, equipe reforça importância do acolhimento, informação e denúncia
Durante entrevista ao programa “A Hora da Notícia“, da Caçula FM 96.9 desta terça-feira, 05, a coordenadora do CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), Alessandra Rodrigues, e a assistente social Ana Carolina dos Santos anunciaram a programação completa da campanha ‘Agosto Lilás’ em Três Lagoas. A iniciativa visa ampliar o combate à violência doméstica, oferecendo acolhimento, orientação e informação às mulheres.
Segundo as representantes do CRAM, os atendimentos têm crescido significativamente. Apenas no primeiro semestre de 2025, o centro atendeu 366 mulheres, com 710 atendimentos realizados. Em comparação com todo o ano de 2024 que teve 710 mulheres atendidas no total, os dados deste ano já superam a metade, evidenciando o avanço no acesso à informação, mas também o agravamento dos casos.
“É uma notícia muito triste. Os números aumentaram muito. Só neste semestre, atendemos 340 mulheres. O lado positivo é que mais mulheres estão procurando ajuda, estão rompendo o silêncio”, afirmou Alessandra.
A equipe do CRAM destacou a importância de compreender o ciclo da violência doméstica, que se repete em três fases, começando com a tensão crescente, a explosão da agressão (física ou verbal) e, por fim, a chamada “lua de mel”, quando o agressor demonstra arrependimento e tenta reconquistar a vítima, até que tudo volte a acontecer. Essa dinâmica prende muitas mulheres emocional e psicologicamente, dificultando a denúncia e a separação.
“Muitas vezes a mulher não percebe que está vivendo uma violência, especialmente quando não há agressão física. Nós mostramos que há cinco tipos de violência: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. E todas são graves”, explicou Ana Carolina.
Com atividades iniciadas no dia 1º de agosto, a campanha segue até o dia 29, com palestras, rodas de conversa, ações educativas e eventos em empresas, escolas e praças públicas. Neste sábado, 09, o CRAM participa de uma ação especial na Praça Senador Ramez Tebet, das 8h às 11h, com apresentações culturais, aulas de dança e serviços gratuitos voltados às mulheres.
A proposta é conscientizar todos os públicos, inclusive homens, adolescentes e agentes comunitários, para a identificação e combate à violência doméstica, promovendo acolhimento e redes de apoio. O CRAM conta com uma equipe totalmente feminina, incluindo motorista, assistentes sociais, psicólogas e pedagogas. O objetivo é proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para que as vítimas se sintam confortáveis para falar e buscar ajuda.
“Nosso primeiro passo é escutar. Sem julgamento. Muitas vezes, a mulher só precisa de alguém que a ouça de verdade. A partir disso, oferecemos atendimento psicológico, orientação jurídica e apoio emocional para que ela consiga romper com o ciclo da violência”, completou Ana.
O CRAM orienta que qualquer mulher em situação de violência, mesmo que ainda não tenha registrado boletim de ocorrência, pode procurar o centro. O atendimento é gratuito e confidencial. Além disso, denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone 180. Em casos urgentes, o 190 (Polícia Militar) também pode ser acionado.
“Se você está passando por isso ou conhece alguém que está, procure o CRAM. A violência não é amor. Ninguém merece viver com medo ou dor. Há saída, e você não está sozinha”, reforçou Alessandra.