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sábado, 2 de agosto, 2025

Violência contra mulheres escancara crise de segurança em Mato Grosso do Sul

Estado registra média de 58 agressões domésticas por dia e já soma 20 feminicídios apenas em 2025

Mato Grosso do Sul se tornou um dos territórios mais perigosos do país para mulheres em 2025. Só nos primeiros sete meses do ano, foram registrados 12.192 casos de violência doméstica, segundo dados do Monitor da Violência Contra a Mulher. A média é de 58 mulheres agredidas por dia, a maioria dentro de casa e por parceiros ou ex-companheiros. Dessas agressões, 40.081 partiram do próprio cônjuge.

A violência extrema também chama atenção: de janeiro a julho, 20 mulheres foram assassinadas apenas por serem mulheres, vítimas de feminicídio. Isso equivale a uma morte a cada nove dias no estado.

A delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Fernanda Piovano, alertou para a dificuldade que muitas vítimas enfrentam ao tentar romper o ciclo de violência. “Há vergonha, medo de exposição e, muitas vezes, a crença de que a situação não vai piorar. Nosso maior desafio é mostrar que existe uma rede de apoio e caminhos possíveis para sair desse ciclo”, explicou a delegada em entrevista recente.

A Deam trabalha para garantir que as mulheres não apenas façam a denúncia, mas também recebam suporte para continuar o processo e reconstruir suas vidas longe do agressor. “A proteção imediata é importante, mas precisamos oferecer condições reais para que a mulher saia dessa relação”, completou Piovano.

Assassinatos brutais e em série

Os 20 feminicídios registrados neste ano incluem casos de grande repercussão, como o de Cinira de Brito, professora de Ribas do Rio Pardo, morta com cinco facadas pelo ex-marido, que a emboscou no quintal de casa.

Outra vítima foi Vanessa Ricarte, jornalista de 42 anos, assassinada pelo ex-noivo com várias facadas. Ele já tinha passagens por violência doméstica.

O caso mais chocante ocorreu em Campo Grande, quando Vanessa Eugênio Medeiros e sua filha Sophie, de apenas 10 meses, foram mortas e tiveram os corpos queimados pelo próprio marido e pai da criança, João Augusto. Preso, ele não demonstrou arrependimento.

Confira a lista das vítimas de feminicídio em MS neste ano:

Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro
Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro
Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro
Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro
Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro
Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março
Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março
Ivone Barbosa (Sidrolândia) – 17 de abril
Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio
Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio
Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) – 23 de maio
Graciane de Sousa Silva (Angélica) – 25 de maio
Vanessa Eugênio Medeiros e Sophie Eugenia Borges (Campo Grande) – 28 de maio
Eliana Guanes (Corumbá) – 6 de junho
Doralice da Silva (Maracaju) – 20 de junho
Rose (Costa Rica) – 27 de junho
Michely Rios Midon Orue (Glória de Dourados) – 3 de julho
Juliete Vieira (Naviraí) – 25 de julho
Cinira de Brito (Ribas do Rio Pardo) – 31 de julho

Onde buscar ajuda

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira funciona 24 horas por dia, na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá. Lá, mulheres encontram serviços como Delegacia da Mulher, Defensoria Pública, atendimento psicológico, alojamento temporário e espaço para crianças.

Em Três Lagoas, a Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) oferece atendimento especializado e pode ser procurada por vítimas que queiram registrar denúncias ou buscar orientação. A cidade integra a rede estadual de enfrentamento à violência de gênero no interior do estado.

Outras formas de denúncia e apoio:

Central de Atendimento à Mulher – 180: ligação gratuita e anônima, 24 horas por dia
Emergências – 190
WhatsApp do Promuse: (67) 99180-0542
Disque denúncia da Corregedoria da Polícia Civil de MS: (67) 3314-1896
GACEP/MPMS: (67) 3316-2836 / 3316-2837 / 9321-3931

Delegacias da Mulher também estão presentes em municípios como Dourados, Corumbá, Coxim, Ponta Porã, Naviraí, Paranaíba e Três Lagoas.

A violência contra a mulher segue sendo uma epidemia silenciosa no Brasil. Romper o ciclo é urgente e só será possível com informação, apoio e ação do poder público e da sociedade.

Com informações Jornal Midiamax

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