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terça-feira, 20 de maio, 2025

Violência contra jornalistas resiste à queda e se consolida como prática estrutural no Brasil

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) registrou 144 casos de violência contra profissionais da imprensa em 2024, número 20,44% menor que os 181 registrados em 2023. Apesar da queda, o relatório anual da entidade alerta que o cenário ainda é preocupante e a violência segue em patamar elevado no país.

O dado faz parte do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil 2024, divulgado nesta terça-feira (20). A presidente da Fenaj, Samira de Castro, afirmou que os números continuam alarmantes. “Ainda estamos acima do que foi registrado em 2018, com 135 casos. A violência foi institucionalizada nos últimos anos e continua a impactar a atuação da imprensa”, declarou durante audiência pública na Câmara dos Deputados.

Segundo a entidade, o assédio judicial se destacou como uma das formas de ataque mais recorrentes, representando 15,97% dos casos – um aumento em relação a 2023. A Fenaj substituiu o termo “cerceamento judicial” por “assédio judicial” para evidenciar o caráter abusivo e sistemático das ações, muitas vezes movidas por políticos, empresários e lideranças religiosas com o objetivo de intimidar jornalistas.

Outro dado preocupante é o crescimento de 120% nos casos de censura, que passaram de cinco para 11 registros, impulsionados por decisões judiciais e pressões de agentes públicos. Em contrapartida, as agressões físicas caíram de 40 para 30 casos, uma redução de 25%. As ameaças e intimidações permaneceram estáveis, somando 35 ocorrências.

O período eleitoral, entre maio e outubro, concentrou 38,9% dos ataques, sendo julho o mês com maior número de casos. De acordo com a Fenaj, o aumento se deu pelo acirramento do discurso de ódio, especialmente por parte de grupos de extrema direita.

Sudeste lidera ocorrências; Centro-Oeste apresenta queda

A região Sudeste teve o maior número de episódios (38), com destaque para o estado de São Paulo, que registrou 23 casos — quase 16% do total nacional. O Nordeste aparece em segundo lugar, com 36 ocorrências, seguido pelo Sul (31), Norte (22) e Centro-Oeste (17). Apesar da redução significativa no Centro-Oeste, a Fenaj alerta para possível subnotificação, especialmente no Distrito Federal.

A Bahia foi o estado com mais registros (nove), seguida por Alagoas e Paraíba (seis cada). No Maranhão, um incêndio criminoso à sede da TV Cidade, em Codó, e uma ameaça de morte a um repórter figuram entre os casos mais graves do ano.

Políticos são principais agressores

O relatório aponta que políticos continuam sendo os principais autores dos ataques, envolvidos em 48 episódios (33,33% do total). A categoria inclui desde agressões físicas e verbais até tentativas de censura e assédio judicial. Servidores públicos, correligionários e manifestantes também aparecem entre os agressores.

Gênero e liberdade de imprensa

Em relação à violência de gênero, embora homens tenham sido maioria entre as vítimas (81 contra 47 mulheres), as jornalistas do sexo feminino foram alvos de ataques misóginos, com insultos e desqualificações profissionais. Nenhum caso de violência contra jornalistas trans foi registrado.

No cenário internacional, a Fenaj destaca que 122 jornalistas foram assassinados em 2024, a maioria na Faixa de Gaza. A entidade também demonstrou preocupação com o ambiente político global, mencionando riscos à liberdade de imprensa com a reeleição de Donald Trump nos EUA e o papel das big techs na disseminação de desinformação.

A federação conclui o relatório com um apelo por ações imediatas para proteger a categoria, garantir salários dignos, segurança no trabalho e enfrentar os discursos de ódio, especialmente diante da aproximação das eleições de 2026.

Com informações Agência Brasil

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