Tipo da doença é o terceiro que mais mata no país e o único evitável; saiba tudo sobre
Você sabia que fezes com sangue, muco, restos de comida ou com formato estranho são sinais de que algo não vai bem? Muitas pessoas ignoram, mas a saúde do intestino é importante e pode prevenir até câncer de estômago. O gastroenterologista Luciano Chaves explica que a doença no órgão é o único tipo de câncer evitável
Nesse assunto, é melhor prevenir do que remediar. E, acredite, isso pode salvar vidas. Por isso, ele defende que não é preciso esperar os sintomas aparecerem para consultar o gastroenterologista.
“Trabalho com medicina preventiva. A gente avalia o estilo de vida, sono, alimentação, saúde mental, libido. Tudo isso influencia na saúde do intestino. Tem gente que chega no consultório dizendo ‘não sei se é meu intestino ou minha cabeça’. E faz sentido. O intestino tem ligação direta com o emocional. Quando a pessoa está muito ansiosa ou irritada, pode ser reflexo do que está acontecendo lá dentro”, explica.
Mas se o incômodo já apareceu, não dá para ignorar. O médico ressalta que fezes com restos de alimentos, por exemplo, mostram que o intestino não está absorvendo direito os nutrientes e que isso não é normal.
E para quem ainda tem vergonha de falar sobre o assunto, o médico dá uma dica simples: “Olhe seu cocô antes de dar aquele tchauzinho para a descarga.” Pode parecer estranho, mas é um ato de cuidado. As fezes mostram muito sobre o que está acontecendo no corpo, e qualquer alteração é sinal de atenção.
“Temos uma escala que realmente foi feita para esse tipo de análise. O cocô normal é o do tipo 4, em formato de salsicha. Um professor meu dizia que o cocô mais saudável é aquele em que você usa papel higiênico e não sai nada, o que mostra um intestino funcionando bem. Se estiver fora do padrão, por exemplo, tipos 4 para baixo na Escala de Bristol indicam diarreia e, para cima, constipação.”
Prevenção
O câncer de intestino é o terceiro que mais mata no Brasil, mas é o único que pode ser prevenido. Para isso, alguns passos precisam ser dados. A partir dos 45 anos, o médico recomenda fazer colonoscopia preventiva. “Se a gente encontra um pólipo (lesão), dá para tirar antes de virar câncer.” Para pessoas mais novas, o exame só é solicitado caso haja sintomas e o paciente insista.
Além da colonoscopia, exames como endoscopia, testes de intolerância alimentar e avaliação da flora intestinal ajudam a entender melhor o funcionamento do corpo. “Hoje já dá pra saber se a pessoa tem disbiose, SIBO (crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado) ou intolerância à frutose. Tudo isso pode causar sintomas e afetar a saúde.”
Luciano reforça que o intestino merece atenção e que, durante a avaliação metabólica, ele pede exames de tireoide, fígado, vesícula e pâncreas. “Eu avalio o paciente como um todo, de forma integral, para que esteja protegido contra doenças mais graves e para ter uma visão global, a fim de realizar o acompanhamento mais adequado.”
Segundo ele, a conscientização está aumentando, mas ainda há muito tabu. “Todo mundo faz cocô. E todo mundo deveria olhar pra ele com mais cuidado.”
O câncer de intestino, também chamado de câncer colorretal, é um tumor maligno que se desenvolve no cólon, a maior porção do intestino grosso, ou no reto. Na maioria das vezes, começa como um pólipo, uma lesão benigna na parede interna do intestino, que pode se transformar em câncer com o passar do tempo.
Os sinais mais comuns são sangue nas fezes, diarreia ou constipação, dor abdominal e perda de peso. A prevenção inclui manter hábitos saudáveis, como ter alimentação rica em fibras, praticar exercícios regularmente e evitar carnes processadas e o tabagismo.
Quando detectado precocemente, o câncer de intestino é tratável, ou seja, pode ser curado muitas vezes por meio da retirada do pólipo ou da remoção cirúrgica do tumor. Simples, direto e sem mistério: observar o corpo e cuidar da rotina fazem diferença.
Fonte: Campo Grande News