A dinâmica do mercado global de celulose está passando por mudanças significativas que colocam desafios para grandes players do setor, como a brasileira Suzano, líder mundial na produção de celulose de fibra curta. O crescente movimento de empresas chinesas para produzir sua própria celulose, aliado à entrada de novas fábricas na América do Sul, aponta para um cenário de excedente de oferta até 2028.
Leonardo Grimaldi, vice-presidente executivo da Suzano para comercial e logística de celulose, destacou que esse contexto torna qualquer novo investimento no setor mais desafiador. “Os planos para a construção de uma nova fábrica estão sendo questionados, pois o potencial de retorno seria reduzido em um cenário de excesso de oferta e preços mais baixos”, afirmou.
China: o gigante estratégico
Com a China representando cerca de 40% das vendas da Suzano, o país tem papel crucial no desempenho da companhia. Apesar da estabilização dos negócios no mercado chinês mencionada pelo CEO João Alberto Abreu, a desaceleração econômica do país e a erosão de preços registrada no terceiro trimestre ainda preocupam.
Nova fábrica sob análise
Em 2023, a Suzano inaugurou sua maior fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul, ampliando significativamente sua capacidade de produção. No entanto, a construção de novas unidades está sendo reavaliada. O excesso de oferta global, combinado com preços mais baixos, pressiona os planos de expansão. Apesar disso, a Suzano aposta em sua estrutura de baixo custo de produção, que a coloca em posição privilegiada para enfrentar mercados desafiadores. “Produtores com custos mais altos podem ser forçados a fechar fábricas, o que abriria espaço para as nossas operações”, explicou Grimaldi.
Foco estratégico e expansão internacional
Enquanto avalia cuidadosamente novos projetos, a Suzano continua focada em seu crescimento estratégico, especialmente no mercado de embalagens nos Estados Unidos. Segundo Fabio Almeida de Oliveira, vice-presidente executivo de papel e embalagens, o foco em oportunidades de investimento orgânico e pequenas aquisições permanece no radar.
Embora uma tentativa recente de adquirir a International Paper tenha fracassado, a companhia segue atenta a movimentos que consolidem sua posição global. “Pequenas aquisições ainda podem ocorrer”, afirmou Oliveira, ressaltando o interesse em ampliar sua participação no mercado de embalagens, especialmente nos EUA.
Visão de futuro
As ações da Suzano registraram alta de cerca de 25% no último ano, indicando a confiança do mercado em sua capacidade de adaptação e resiliência. Com uma estrutura de produção eficiente e uma estratégia focada em mercados promissores, a empresa se prepara para navegar por um cenário de incertezas, mas também de oportunidades estratégicas.
Para o futuro, a Suzano aposta em flexibilidade, inovação e em sua liderança no mercado de celulose, mesmo diante de um cenário global mais competitivo e complexo.