Audiência pública destaca impacto da hipertensão intracraniana idiopática e defende incorporação de tecnologia ao sistema único de saúde
Parlamentares, médicos e pacientes defenderam, nesta segunda-feira, a inclusão no Sistema Único de Saúde de novas tecnologias para o tratamento da hipertensão intracraniana idiopática, doença rara caracterizada pelo aumento da pressão dentro do crânio e que pode levar à perda da visão, afetando principalmente mulheres.
O tema foi discutido durante audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, proposta pela senadora Mara Gabrilli. A parlamentar solicitou a incorporação de uma válvula programável ao rol de equipamentos disponíveis no SUS para o tratamento da doença. A medida ainda depende de avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde.
Segundo a senadora, em março deste ano foi encaminhada indicação ao Ministério da Saúde solicitando a inclusão de tecnologias consideradas essenciais para o manejo da hipertensão intracraniana idiopática, que oferecem benefícios clínicos aos pacientes e vantagens econômicas ao sistema público. Até o momento, no entanto, não houve retorno oficial sobre o pedido.
A audiência contou com a participação do médico Fernando Campos Gomes Pinto, chefe da Unidade de Hidrodinâmica Cerebral do Grupo de Neurocirurgia Funcional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O especialista destacou que a válvula programável, produzida no Brasil, permite o controle do fluxo do líquor de forma ajustável e não invasiva, beneficiando tanto pacientes com hipertensão intracraniana idiopática quanto pessoas com hidrocefalia.
O médico também chamou atenção para a demora na decisão sobre a incorporação do equipamento ao SUS, ressaltando que se trata de uma tecnologia reconhecida internacionalmente e já utilizada em outros países.
Pacientes que convivem com a doença também relataram os impactos da hipertensão intracraniana idiopática na vida cotidiana. Para Giselle Maria Santos de Siqueira, a condição compromete o trabalho, os estudos, a saúde emocional e a convivência familiar, além de exigir acompanhamento médico especializado e acesso a tratamentos adequados.
Ela ressaltou que, em muitos casos, a válvula programável é a única alternativa para evitar a cegueira. Atualmente, segundo os pacientes, o acesso ao equipamento pelo SUS é restrito, o que leva a longas esperas, negativas administrativas e, em alguns casos, à judicialização do tratamento.
O debate reforçou a necessidade de ampliar o acesso a tecnologias no sistema público de saúde como forma de prevenir agravamentos, reduzir custos futuros e garantir mais qualidade de vida às pessoas diagnosticadas com hipertensão intracraniana idiopática.
com informações Agência Senado


