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terça-feira, 30 de setembro, 2025

Seca atinge eucaliptos e pode elevar custos de celulose

14/04/2014 – Atualizado em 14/04/2014

A ex capital do gado Três Lagoas, se tornou na capital mundial da celulose

Por: Marco Campos / Alberto Alerigi Jr. e Raquel Stenzel

A seca que atinge grande parte do Brasil pode afetar a produtividade das florestas de eucaliptos e obrigar as grandes produtoras de celulose a adquirir madeira de terceiros a preços mais altos, afetando a rentabilidade do setor e tornando a falta de chuvas uma preocupação também para as empresas que estariam seguras de um possível racionamento de energia.

Especialistas e agentes do setor acreditam que a seca dos últimos meses pode afetar o desenvolvimento das árvores em todo o ciclo de crescimento do eucalipto, que no Brasil é de em média sete anos, comprometendo a produtividade das florestas em 2014 e nos próximos anos.

“A planta quando não encontra água, seca e perde as folhas, levando a interrupção da fotossíntese e, consequentemente, do crescimento”, explicou o autor do informativo Eucaliptus Online Book, o engenheiro agrônomo e especialista em culturas de celulose Celso Foelkel. “Tanto as mudas que serão plantadas quanto as árvores mais velhas e mais próximas do período de colheita são impactadas pela seca.”

“Teremos impacto não apenas em um ano, mas nos próximos anos de colheita”, acrescentou o especialista.

O Brasil tinha 5,10 milhões de hectares de florestas plantadas de eucaliptos em 2012, segundo dados mais recentes da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), com uma produtividade média de 40,7 metros cúbicos por hectare ao ano.

É difícil estimar as perdas de produtividade das florestas de eucaliptos pela falta de chuvas, pois os efeitos serão sentidos com maior intensidade nos próximos anos. Mas o presidente da Suzano Papel e Celulose, em um exercício hipotético, disse que as perdas poderiam chegar a 12,5 por cento.

“Suponha que você não tenha (produtividade de) 40, mas 35 (metros cúbicos). Se começar a repetir isso em muitos hectares, começa a faltar madeira”, disse Walter Schalka em entrevista recente à Reuters, ressaltando que a perda pode ser menor se as chuvas retornarem.

Embora tenha ressaltado que a Suzano possui excesso de florestas em regiões afetadas pela escassez de chuvas no país, como o Estado de São Paulo, Schalka não descarta uma queda na produtividade do setor.

“Uma estiagem afeta sim o crescimento anual das nossas áreas. Na Bahia e no Maranhão, não houve nenhuma alteração (na pluviosidade). Em São Paulo, pode afetar se continuar essa situação.”

A capacidade de aproveitar a energia gerada no processo de produção da celulose e as outorgas para captar água diretamente, e não por meio do sistema de abastecimento, deixam o setor de papel e celulose mais protegido de possíveis racionamentos de energia e água.

Mas o risco de perda de produtividade por causa da seca está levando o setor a realizar estudos para desenvolver mudas mais adaptadas ao clima seco, disse o engenheiro agrônomo e especialista Foelkel.

REGIÕES AFETADAS

As chuvas nos primeiros meses do ano em regiões de São Paulo, onde estão localizadas fábricas e plantações da Suzano e da Fibria, e do Mato Grosso do Sul, onde está presente a Eldorado Celulose, além da própria Fibria, têm ficado abaixo da média histórica, segundo o agrometeorologista da Somar Metereologia Marco Antônio dos Santos.

“Em São Paulo, tem ficado de 30 a 40 por cento a menos. No Mato Grosso do Sul, depende da região, mas de forma geral está 20 por cento a menos”, disse ele.

Já no sul da Bahia, onde Suzano e Fibria estão presentes, a situação é menos crítica, após a retomada das chuvas neste início de abril. Segundo Santos, a região teve chuvas acima da média em dezembro e março, mas abaixo da média em janeiro e fevereiro.

De acordo com o agrometeorologista, as previsões da Somar indicam uma retomada das chuvas tanto em São Paulo quanto no Mato Grosso do Sul, mas ainda há sinais de preocupação.

“Para (a região) de Três Lagoas (MS), em abril deve chover dentro da média. Em maio, deve chover 60 por cento a menos (que em anos anteriores) e 50 por cento a menos em junho”, disse.

“Em São Paulo, abril deve ficar 20 por cento acima da média, por causa de pancadas no fim do mês. Em maio, chove dentro da média. Em junho e julho, deve ficar um pouco abaixo com algumas pancadas isoladas”, disse.

A unidade florestal da Suzano possui florestas de eucalipto em São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Piauí e Maranhão, enquanto a Fibria tem plantações na Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul, segundo informações das empresas.

Divulgação

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