Internacional – 23/04/2012 – 11:04
AMSTERDÃ, 23 Abr (Reuters) – O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, deve enviar sua carta de renúncia do gabinete ao Parlamento ainda nesta segunda-feira, pavimentando o caminho para a convocação de eleições, afirmaram duas fontes à Reuters.
O governo de Rutte não conseguiu alcançar um acordo com seu principal aliado sobre cortes orçamentários cruciais neste final de semana por isso vai renunciar, disseram as emissoras locais RTL e NOS.
A renúncia marcará o fim de uma coalizão que deu forte apoio ao tratado fiscal da União Europeia e que passava sermões na Grécia sobre a necessidade de arrumar suas finanças.
Rutte deve apresentar a renúncia da coalizão numa reunião com a rainha Beatriz a partir das 9h (hora de Brasília).
Ministros saíram de uma reunião de gabinete sem dar declarações. No entanto, a crise política num país tradicionalmente visto como um dos mais estáveis e prósperos da zona do euro já vinha sacudindo os mercados financeiros, preocupados com uma vitória socialista nas eleições francesas.
A crise na Holanda começou no fim de semana, quando o Partido da Liberdade, de viés populista e anti-UE, rejeitou as propostas da coalizão centro-direitista sobre como cortar de 14 a 16 bilhões de euros do orçamento, para adequar o déficit holandês às metas da UE no ano que vem.
“Suponho que (a renúncia) seja inevitável”, disse o vice-chanceler Ben Knapen ao programa noticioso RTL Z. “É importante que todos que arcam com responsabilidades mantenham a calma e garantam que teremos um orçamento ordeiro. Temos mesmo grandes problemas”, disse Knapen antes de entrar na reunião ministerial.
Novas eleições devem ser anunciadas já nesta segunda-feira, e podem ser realizadas em setembro ou outubro, segundo analistas.
“PECADORES ORÇAMENTÁRIOS”
Rutte e o ministro das Finanças, Jan Kees – que abandonou reuniões com o FMI em Washington por causa do surgimento da crise – estão entre os maiores críticos de “pecadores orçamentários” como Grécia e Portugal dentro da zona do euro.
A coalizão está no poder desde 2010, e seu fracasso em definir medidas que levem o déficit holandês a 3 por cento do PIB provocou comentários críticos em Bruxelas, onde fica a sede da UE.
“Primeiro você tem uma boca grande para violadores orçamentários, e aí você mesmo não consegue cumprir, e em vez disso precisa ter novas eleições apenas um ano e meio depois de o novo governo tomar posse”, disse um diplomata.
Assim como outros países da zona do euro, a Holanda tem até 30 de abril para explicar à Comissão Europeia como pretende reduzir seu déficit. Como a eleição só deve ser realizada depois do verão europeu, Rutte pode tentar um acordo com a oposição para permanecer interinamente no cargo e cumprir o prazo do fim deste mês.
Investidores se desfizeram na segunda-feira de títulos da Holanda e de países periféricos do euro, o que elevou para mais de 6 por cento o ágio pago pela endividada Espanha sobre os seus papéis. Analistas dizem que a Holanda pode perder sua nota de crédito AAA caso não consiga realizar os cortes orçamentários.
(Reportagem adicional de Sara Webb)
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Fonte: R7