Um aumento de casos de pneumonia silenciosa, também chamada de atípica ou subclínica, tem gerado alerta entre profissionais de saúde. Com sintomas iniciais pouco perceptíveis, a doença pode evoluir rapidamente e provocar complicações graves, principalmente em crianças.
Diferente da pneumonia típica, que apresenta febre alta e tosse intensa, a forma silenciosa se manifesta com sinais mais sutis, como cansaço, perda de apetite, febre baixa e chiado no peito. Causada por microrganismos como Mycoplasma sp. e Chlamydophila sp., além de vírus respiratórios, ela não é considerada uma nova doença, mas uma variação clínica da já conhecida infecção pulmonar.
Segundo a pneumologista Marcela Costa Ximenes, da Sociedade Brasileira de Pneumologia, a pneumonia atípica representa de 30% a 40% dos casos totais da doença, o que equivale a até quatro casos a cada mil pessoas.
Internações e mortes em alta
Dados do DataSUS mostram que, em 2024, houve aumento de 5% nas internações por pneumonia no Brasil, com 701 mil registros, e de 12% nos óbitos, 73.813 mortes. O estado de São Paulo teve alta acima da média nacional e notificou aumento de casos sem febre, dificultando diagnósticos precoces.
O pneumopediatra Luiz Vicente Ribeiro, do Hospital Albert Einstein, explica que o atual surto pode ser reflexo da baixa imunidade da população infantil após o isolamento social na pandemia, quando houve menos contato com vírus respiratórios. Com a volta às aulas, crianças passaram a ter maior exposição, favorecendo novas infecções.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por exame clínico, radiografia e, em alguns casos, testes laboratoriais. O tratamento depende do agente causador. Antibióticos comuns não funcionam contra bactérias como Mycoplasma, exigindo medicação específica. A demora no atendimento pode levar a complicações como insuficiência respiratória, sepse e até encefalite.
Prevenção
A prevenção segue os mesmos cuidados da pandemia de Covid-19: uso de máscara em locais fechados, higiene das mãos e evitar contato com pessoas doentes. A vacina pneumocócica, disponível pelo SUS, protege contra a forma típica da doença e é recomendada para crianças, idosos e grupos de risco.
Apesar da gravidade dos casos, especialistas alertam para a necessidade de vigilância sem pânico. “É uma doença conhecida, e temos meios eficazes de diagnóstico e tratamento”, afirma Ximenes.
Com informações CNN Brasil