08/07/2013 – Atualizado em 08/07/2013
Por: G1
A reportagem do Fantástico conversou com o pai de Diego Rocha Freitas Campos, de 20, o único acusado pela morte do menino boliviano Brayan Yanarico Capcha, de apenas 5 anos, que teve a foto divulgada pela polícia.
Segundo o pai de Diego, que é caminhoneiro, o filho teria lhe dito que não pretendia matar a criança e que o disparo foi acidental.
O crime ocorreu durante um assalto à residência dos pais do garoto, na madrugada de 28 de junho, em São Mateus, na Zona Leste da capital. No último dia 30 de junho, Diego se encontrou com os pais na casa deles, na periferia da Zona Leste.
Os policiais descobriram e cercaram o lugar. Diego correu, pulou o muro dos fundos, desceu um barranco e desapareceu no meio de uma feira livre. Sem saber que a conversa estava sendo gravada, o pai de Diego contou que tentou convencer o filho a se entregar para a polícia.
“Porque está errado. Como é que mata uma pessoa assim? Ele se envolveu demais no meio dessa molecada, aí. E aí, começa a fazer besteira”, disse o pai de Diego.
A família de Diego mora a menos de 20 metros da casa onde os bolivianos viviam e trabalhavam. Para o pai, Diego confirmou que matou Brayan, mas disse que o tiro foi acidental.
“(Ele) falou que realmente atingiu a criança, porque o boliviano quis tomar a arma dele, bateu no braço dele, a arma baixou e atingiu a criança. Ele estava com o dedo no gatilho, disparou”, afirmou o pai.
“É uma desculpa que a gente até esperava que ele fosse dar”, disse o delegado seccional Antonio Mestre Júnior. Segundo a polícia, os acusados presos e as testemunhas do crime contaram a mesma história: que Diego matou Brayan de propósito, o que causou revolta até entre os comparsas.
“Os próprios companheiros de crime disseram que pretendiam matá-lo. Ele decidiu cumprir a ameaça que vinha repetindo de disparar contra a criança, se não obtivesse mais dinheiro naquele momento”, afirmou o delegado.
Diego começou a roubar na adolescência. Quando tinha 16 anos, ele e dois comparsas mais novos, de 15 anos, roubaram dois carros no mesmo dia. A polícia os perseguiu e Diego foi internado em uma unidade para menores infratores da Fundação Casa.
Lá dentro, cinco meses depois do roubo, se envolveu numa briga com outros internos. Mais três meses se passaram, houve um princípio de rebelião e Diego estava no grupo que agrediu dois funcionários.
“Ele aprendeu a viver dentro da criminalidade violenta, despreza o ser humano”, completou o delegado. Em 2011, aos 18 anos, Diego voltou para as ruas. E logo participou de um roubo a uma casa, na Zona Leste da capital. Por esse crime, foi condenado a 7 anos e 6 meses.
Diego ficou preso em uma cadeia de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, durante um ano e sete meses. Em maio passado, ganhou o benefício de passar o Dia das Mães em casa. Saiu e não voltou mais.
Segundo a polícia, cinco ladrões invadiram a casa onde estavam Brayan, os pais dele e mais oito bolivianos. Estão presos Paulo Ricardo Martins, 19 anos, e Felipe dos Santos Lima, de 18 anos. Um terceiro suspeito, de 17 anos, foi apreendido e encaminhado à Fundação Casa. Ainda estão foragidos Wesley Soares Pedroso, de 19 anos, e o Diego.
“Em 72 horas, nós tínhamos três prisões das cinco necessárias. As pistas que nós levantamos nas últimas horas poderão nos conduzir a essa prisão”, declarou Antônio Mestre.
Segundo as investigações, foi Diego quem atirou na cabeça de Brayan, quando o menino estava no colo da mãe. “Pura maldade. ele faz qualquer coisa pra atingir os seus objetivos”, afirmou o delegado, ao ser questionado sobre o motivo de Diego ter alvejado o menino.
