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Mulher conta abusos cometidos por vizinho que a manteve em cativeiro

Internacional – 19/01/2013 – 17:01

Há duas décadas, Katie Beers era um nome famoso, uma menina negligenciada de 9 anos que foi sequestrada e abusada em um porão em Long Island.

Esse não é mais seu nome, mas ainda é sua história –uma que ela agora está recontando, publicamente, com equilíbrio e reflexão incomum.

Em uma entrevista na terça-feira, Beers, atualmente com 30 anos, lembrou do tempo no cativeiro e de como seu principal pensamento era voltar para casa, sem saber que enquanto estava desaparecida, sua vida triste de negligência e abuso antes de seu desaparecimento estava sendo exposta para a nação.

Mas acima de tudo, ele reflete como sua vida agora –como esposa, mãe, uma pessoa com formação superior e uma vendedora de seguros– não seria possível se o impensável não tivesse acontecido em 1992.

Após evitar todo contato com os repórteres que antes se agarravam a cada detalhe de seu caso, ela agora está dando início a uma campanha de mídia, em um esforço para promover um livro de memórias que, ela disse, há muito estava em sua mente.

“Desde que eu tinha 10 anos eu queria escrever um livro”, ela disse, lembrando das provocações das crianças que a faziam chorar quando era pequena. “Eu estava cansada dos rumores, das pessoas dizendo: ‘Você era mantida entre as paredes daquela casa de psicótico’.”

A realidade talvez tenha sido muito mais assustadora.

Após atraí-la para sua casa com a promessa de presentes, dois dias antes de seu 10º aniversário, um amigo da família, John Esposito –que ela chamava de Big John– forçou Beers a passar por uma passagem estreita até seu bunker de concreto de 1,8 m X 2 metros sob sua garagem, em Bay Shore, escondido sob um alçapão de concreto de 90 quilos.

Ele a manteve lá por 16 dias, acorrentada pelo pescoço, em uma caixa de madeira trancada, suspensa acima do chão. Uma televisão em um canto fornecia a única distração e a única luz.

Na época de seu desaparecimento, Esposito, um empreiteiro, disse com olhos cheios de lágrimas à polícia que ele a levou a uma casa de diversões eletrônicas, onde ela foi sequestrada. Ele posteriormente levou a polícia ao seu bunker e disse no tribunal que ele construiu a câmara especificamente para ela.

Em seu livro de memórias, escrito com a repórter de televisão, Carolyn Gusoff, Beers conta novos detalhes de sua vida anterior, incluindo brincar na terra enquanto Esposito construía o que viria a ser sua cela.

“Big John dizia que seria um bunker subterrâneo”, escreve Beers. “Nós todos brincávamos ali, naquele grande buraco aberto no chão.”

Ela também disse que agora lembra de ter sido estuprada por Esposito, apesar dessa acusação nunca ter sido levantada no julgamento.

Esposito se declarou culpado de sequestrar Beers; os promotores na época disseram que o acordo o poupou de ter que testemunhar, mas também fez com que três acusações de abuso sexual fossem abandonadas. Ele foi sentenciado a uma pena entre 15 anos e prisão perpétua, e está atualmente no presídio de Sing Sing, no interior de Nova York.

Esposito, em um detalhe macabro, também deixou um gravador ativado por voz no bunker escondido, que registrava os pedidos de socorro de Beers. “Por favor, me deixe sair!” ela podia ser ouvida gritando, segundo uma análise das fitas por Gusoff. “Deixe-me sair daqui!”

A polícia visitou a casa de Esposito, mas nunca ouviu os gritos ou as tentativas dela de bater no teto acolchoado de seu local de cativeiro.

Havia muitos problemas na vida de Beers antes do sequestro.

“Minha infância foi mil vezes pior do que qualquer um imaginava”, diz ela.

O noticiário na época retratou sua vida em casa como uma espécie de distopia dickensiana a uma curta distância de Nova York, com a pequena Katie correndo descalça e realizando as tarefas domésticas –como lavar roupa em uma lavanderia próxima– a partir dos 4 anos.

“Antes de ter filhos, eu não percebia plenamente quão errado foi tudo o que aconteceu comigo”, ela disse. “O abuso, a negligência, tudo.”

Beers, que adotou o sobrenome do marido, mas se recusa a divulgá-lo por motivos de privacidade, tem dois filhos, um menino de 3 anos e uma menina de 1 ano cinco meses. Ela disse que demorou para reconhecer que sua mãe, Marilyn Beers, não fornecia um lar estável para ela.

Katie Beers passou grande parte de sua infância vivendo com sua avó, Linda Inghilleri, que, como ela escreve, a tratava como “escrava”. Com o pai biológico de Beers ausente desde antes de seu nascimento, o marido de Inghilleri, Salvatore, parecia ser o mais próximo de uma figura paterna em sua vida na época.

Mas ele também a maltratava, tendo abusado sexualmente de Beers em várias ocasiões. (Inghilleri seria posteriormente condenado por esse crime. Ele morreu na prisão em 2009.)

Os Inghilleris, que viviam em Bay Shore, também permitiam que Esposito visse Beers, mesmo depois de sugestões de que ele tinha abusado de seu irmão mais velho, John.

Beers disse que levou seu marido, Derek, para visitar a casa de Esposito quando estavam namorando, para mostrar a garagem reformada de dois andares onde ela foi mantida presa.

“Eu queria que ele entendesse tudo”, ela disse. “Porque é quem eu sou. É o que me faz a mulher que sou hoje. Não há sentido em esconder.”

Após o sequestro, Beers viveu com uma família adotiva em East Hampton, em Long Island, que a criou como se fosse filha real. Seu pai adotivo foi quem a conduziu em seu casamento; seus filhos chamam seus pais adotivos de vovô e vovó.

Beers estudou administração na faculdade, apesar de, por motivos de privacidade, ter se recusado a dizer o nome da escola, e conheceu Derek como caloura, enquanto jogavam bilhar em um bar.

“Ele é muito ligado em computadores e tecnologia, de modo que assim que ele soube meu nome, ele me pesquisou no Google”, ela disse. “Mas ele nunca falou nada até que eu lhe dissesse.”

Beers cortou os laços com sua vida anterior, apesar de ter dito que conversa ocasionalmente com sua mãe, Marilyn.

“Eu ligo para ela para contar os pontos altos da minha vida: estou grávida, eu tive um bebê, o livro está saindo”, ela disse. “Coisas assim.”

De um modo estranho, ela disse, o sequestro a salvou.

“Se o sequestro não tivesse ocorrido”, ela disse, “eu não quero nem pensar em onde eu estaria, mas nunca teria me formado no colégio, nunca teria me formado na faculdade, e poderia nem mesmo estar aqui, viva hoje, dado o curso em que minha vida estava seguindo”.

Gusoff, que cobriu a história do seu sequestro, a abordou em 2008 com o intuito de escrever um novo artigo sobre ela. Beers então sugeriu que escrevessem um livro. Ela já tinha decidido que estava pronta.

“Era o certo, após a primeira audiência de liberdade condicional de John –eu disse ao meu pai que realmente queria começar a escrever um livro”, ela disse.

Beers planeja se tornar uma palestrante inspiradora, ela disse, “porque quero que as pessoas saibam que não importa o que enfrentem na vida, há algo melhor se você quiser que haja”.

Fonte: Uol

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