Evento realizado no auditório do SESI reuniu produtores, especialistas e autoridades para discutir expansão dos pomares, e avanços rumo à industrialização no estado.
O MS Citrus Summit reune nesta quinta-feira, 11, no auditório Auditório José Paulo Rimoli, do SESI em Três Lagoas produtores, especialistas e autoridades estaduais para discutir o avanço da citricultura em Mato Grosso do Sul. O evento contou com a presença do governador Eduardo Riedel (PP) que participa, ainda nesta quinta de uma visita técnica à Fazenda Paraíso, no Distrito de Garcias, atualmente com 110 hectares de laranja em produção.
Durante a agenda, Riedel destacou que o Estado vive “um momento de transição histórica” com a chegada de grandes empreendimentos ligados à agricultura, especialmente a citricultura, que já projeta o Mato Grosso do Sul como novo polo nacional da laranja.
CRESCIMENTO ACELERADO E INDUSTRIALIZAÇÃO NO HORIZONTE
De acordo com o governador, o ritmo de implantação de pomares cria um cenário favorável para que a industrialização do suco de laranja também se instale no Estado. “A gente quer ser um novo polo de produção de laranja para todos os seus produtos, pela industrialização aqui no Estado. A logística está sendo amadurecida nesse sentido”, afirmou Riedel.
O avanço da citricultura em Mato Grosso do Sul segue em ritmo acelerado e já coloca o Estado na rota para se tornar um dos principais polos de produção de laranja do país. Segundo o governador, o desenvolvimento dos pomares abre caminho para a próxima grande etapa: a instalação de indústrias de suco de laranja em território sul-mato-grossense.
“A gente quer ser um novo polo de produção de laranja para todos os seus produtos, pela industrialização aqui no Estado. A logística está sendo amadurecida nesse sentido”, afirmou Riedel durante o MS Citrus Summit.
Entre os pilares dessa logística, o governador citou a retomada da malha ferroviária, novas concessões rodoviárias e o avanço da Rota Bioceânica, considerada fundamental para ampliar o acesso ao mercado asiático, especialmente a China, único país com tendência de aumento no consumo de suco de laranja.

MÃO DE OBRA: O MAIOR DESAFIO DO SETOR
Riedel destacou que o Estado vive pleno emprego, o que pode gerar dificuldades na formação de mão de obra para atender à cadeia citrícola. “Tem vindo gente de Minas, do Nordeste e até de outros países. Mas o desafio é fixar essas pessoas aqui”, ressaltou.
Para enfrentar essa demanda, o governo investe em habitação popular, infraestrutura urbana e melhorias em saúde e educação. Municípios como Ribas do Rio Pardo, Água Clara, Inocência e Três Lagoas já registram aumento na chegada de novas famílias.
O governador descartou a possibilidade de a citricultura prejudicar cadeias já consolidadas, como soja, milho ou pecuária. “Essas cadeias crescem juntas. Queremos diversidade e agregação de valor, não depender de uma ou duas culturas”, disse.
O secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, afirmou que o avanço da citricultura exige políticas sanitárias rígidas. Mato Grosso do Sul adotou a Tolerância Zero ao Greening, doença que destrói pomares.
Diferente de outros estados, plantas contaminadas são removidas imediatamente, inclusive em áreas recém-implantadas. O trânsito de mudas também será intensamente fiscalizado, com apreensão de cargas irregulares. A produção e comercialização da murta, planta hospedeira do psilídeo transmissor do greening, está proibida nas regiões citrícolas.
“Um caminhão de mudas ilegais pode colocar em risco milhares de empregos”, alertou Verruck.

EXPANSÃO ACELERADA ATÉ 2030
Para suprir a demanda do setor, o governo trabalha para reter mão de obra indígena, que tradicionalmente migra ao Sul do país para a colheita de maçã. Em Sidrolândia, onde a Cutrale já atua, produtores iniciaram contratações locais. Ao mesmo tempo, cresce a busca por mecanização da colheita como alternativa para reduzir a dependência de trabalhadores.
A expansão da citricultura em Mato Grosso do Sul avança em ritmo acelerado e já projeta o Estado como um dos principais polos emergentes da produção de laranja no país. Atualmente, cerca de 35 mil hectares de pomares estão captados para implantação, e a meta do governo é alcançar 100 mil hectares até 2030, volume que representaria aproximadamente 30% da área hoje cultivada em São Paulo, líder nacional do setor.
O crescimento da atividade já é percebido em diversos municípios sul-mato-grossenses. Três Lagoas, Selvíria, Aparecida do Taboado, Cassilândia, Campo Grande, Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti e Terenos estão entre as regiões que vêm recebendo investimentos significativos na implantação de pomares e estruturação da cadeia produtiva.
Para o governador Eduardo Riedel, a chegada de grandes indústrias ao Estado deve fortalecer ainda mais a produção, inclusive beneficiando o pequeno produtor. Segundo ele, a presença dessas empresas amplia as oportunidades de comercialização. “Sem a indústria, o pequeno produtor planta e vende para quem? As grandes empresas são uma grande oportunidade para ele”, afirmou.
Com o objetivo de impulsionar a cadeia da laranja, o governo estadual adotou uma série de incentivos. Entre eles está a redução do ICMS na saída da fruta, que caiu de 12% para cerca de 2% enquanto a produção ainda é destinada à industrialização em São Paulo. No entanto, o benefício será suspenso assim que a primeira indústria se instalar no território sul-mato-grossense, como forma de estimular que a produção permaneça no Estado. Além disso, estão disponíveis financiamentos via FCO, linhas de crédito específicas para irrigação e apoio direto na expansão de novos pomares.
A instalação de indústrias, contudo, depende de volume mínimo de produção, estimado em 25 mil hectares consolidados, o equivalente a aproximadamente 32 milhões de caixas de laranja. Com o ritmo atual de crescimento, Mato Grosso do Sul se aproxima rapidamente desse patamar, o que torna a industrialização uma perspectiva concreta para os próximos anos.

SUSPENSÃO DE TARIFAS NOS EUA FAVORECE MATO GROSSO DO SUL
No cenário logístico, a Rota Bioceânica surge como peça estratégica para o escoamento da produção. De acordo com Verruck, o Estado já estuda utilizar o corredor internacional para exportar suco de laranja concentrado ao mercado asiático, cuja demanda pelo produto cresce de forma contínua. “O produto é competitivo. Com a demanda asiática crescendo, a rota deve se encaixar muito bem”, avaliou.
Outro fator que deve favorecer o setor é a recente suspensão das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao suco de laranja brasileiro, medida celebrada pelo governador. Riedel destacou que a decisão melhora o ambiente de exportação e abre novas possibilidades de mercado para os produtores sul-mato-grossenses.
Com metas ambiciosas, incentivo público e forte interesse da iniciativa privada, Mato Grosso do Sul se posiciona para assumir um papel de destaque na citricultura nacional e, em poucos anos, entrar definitivamente no mapa industrial do suco de laranja.


