17.4 C
Três Lagoas
quarta-feira, 6 de agosto, 2025

Meninas estão expostas ao HPV mesmo antes do sexo

Saúde – 04/04/2013 – 08:04

Antes mesmo da primeira relação sexual, meninas já podem estar infectadas pelo HPV (papilomavírus humano), principal causador do câncer do colo uterino e que está ligado a outros tumores, como o de ânus e de vulva.

A conclusão vem de três estudos que apontam uma prevalência do vírus entre 10% e 45% em meninas que nunca tiveram relações sexuais, mas que relataram troca de carícias íntimas.

O último deles, publicado em março no periódico “Journal of Infectious Diseases”, avaliou 387 adolescentes de 14 a 17 anos. Dessas, 22 eram virgens e também não tinham sido vacinadas contra o HPV.

Testes de PCR (que identifica o material genético do vírus) detectaram em dez delas ao menos um tipo de HPV na região vaginal.

Editoria de Arte/Folhapress

Para Luisa Lina Villa, professora da faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa e pesquisadora do Instituto Ludwig sobre o Câncer, esses estudos atestam o que pesquisadores já tinham observado: o HPV pode ser transmitido sem penetração vaginal.

“Ele é transmitido por células contaminadas, não por fluidos. Pode ser qualquer manipulação, uma mão ou uma boca que já teve contato com o vírus”, diz Villa, que pesquisa o HPV há 25 anos.

Rosana Richtmann, infectologista e pesquisadora do Hospital Emilio Ribas (SP) e da Santa Casa, explica que, como o vírus se aloja na pele e fica na região genital e anal, o simples contato entre mucosas favorece o contágio.

“É um vírus muito fácil de ser transmitido, não depende de lesão. Mesmo com a mucosa íntegra, o contágio pode acontecer”, afirma o infectologista Esper Kallas, professor da USP. Por isso, ele recomenda a vacinação antes dos 12 anos.

O uso do preservativo, importante para a prevenção de do HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis, pode ajudar, mas não oferece proteção no caso do HPV.

A vacinação, tida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a principal forma de prevenção contra o vírus, também não imuniza contra todos os tipos de HPV. Existem mais de cem, e a maioria é inofensiva.

A vacina bivalente protege contra os tipos 16 e 18, mais comumente associados a tumores, e a quadrivalente, contra os tipos 6, 11, 16 e 18.

“Mesmo imunizadas, as meninas precisam fazer exames preventivos”, diz Kallas.

O Ministério da Saúde está na fase final das negociações para incorporar a vacina contra o HPV no SUS. O acordo prevê a transferência de tecnologia da fabricação de uma das duas vacinas para o país.

Não está definida a faixa etária para a qual a vacina será indicada na rede pública. É provável que seja para meninas entre 11 e 14 anos, mas a imunização é aprovada para meninos e meninas já a partir dos nove anos.

Especialistas preveem polêmica à frente porque muitos pais acham que ela pode ser um incentivo para o início precoce da vida sexual.

Foi esse o argumento usado pelo marido da dentista Ana Lúcia, 39, para tentar demovê-la da ideia de vacinar a filha de 12 anos.

“Já brigamos por isso. Ele acha que a nossa filha é uma criança e que a vacina vai despertar curiosidade sobre o sexo. Não me convenci, mas vou deixar a poeira baixar para voltar ao assunto.”

Para Luisa Villa, é preciso derrubar preconceitos. “A vacina da gripe é tomada antes de o vírus circular. Com o HPV é a mesma coisa. Quanto antes, melhor. Não pergunte, vacine.”

Fonte: Folha de São Paulo

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

PL de Coronel David proíbe cobrança de taxas de consignados de servidores públicos em MS

Fica vedada a cobrança de taxa, bem como de quaisquer outras tarifas ou encargos O Projeto de Lei de autoria do deputado estadual Coronel David...

Cachorro é flagrado em situação de abandono na Esplanada da NOB em Três Lagoas

Ouvinte da Caçula denunciou situação de cão debilitado em travessa próxima ao local da Festa do Folclore, onde Secretaria de Meio Ambiente confirmou que já está apurando o caso

“Você não está sozinha”: CRAM reforça acolhimento e apoio às mulheres durante o Agosto Lilás

Com aumento preocupante nos atendimentos, equipe reforça importância do acolhimento, informação e denúncia