Saúde – 13/04/2013 – 10:04
Sentindo fortes dores na coluna, o segurança Thiago da Silva Malta, de 29 anos, procurou, na manhã de anteontem, o Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande. Depois de três horas de espera, foi atendido por um homem à paisana, que lhe receitou um relaxante muscular e um analgésico. Ao fim da consulta, porém, o paciente percebeu que o “médico” rubricava os prontuários e utilizava o carimbo de outra pessoa — no caso, uma ortopedista.
— Perguntei porque ele assinava com outra identificação. A reposta do médico foi que havia esquecido o carimbo em casa, e que estava autorizado a usar o carimbo daquela outra pessoa — relembra o segurança.
O homem que atendeu Thiago estava sem crachá, sem jaleco e ainda não foi identificado pela polícia. Depois de deixar a unidade, o segurança procurou a 35 DP (Campo Grande), onde registrou o caso como falsidade ideológica.
De acordo com a delegada assistente Tatiane Damáris, todas as partes envolvidas no caso serão chamadas para prestar depoimento:
— É um registro muito sério. Os prontuários com assinatura e carimbo já foram encaminhados para a perícia para serem analisados. Serão ouvidas todas as pessoas que estavam de plantão na ortopedia no dia da ocorrência. Falsidade ideológica é crime, ainda mais quando se trata de saúde.
O porta-voz da presidente do Cremerj, Luis Fernando Moraes, informou que está esperando o segurança formalizar a denúncia no Conselho de Medicina para começar a investigação:
— É preciso apurar em que circunstâncias isso aconteceu. Sem denúncia não há como investigar.
Sem identificação
Preocupado, o pai de Thiago, o aposentado Nilson Malta, de 56 anos, contou que não dexou o filho tomar os remédios receitados.
— Disse a ele que não tomasse os remédios, embora ele estivesse com muita dor. Não sabíamos nem o nome do médico. Como confiar em um médico sem identificação? — ressaltou.
Procurada pelo EXTRA, a Secretaria estadual de Saúde enviou uma nota oficial: “A direção do Hospital Rocha Faria informa que após tomar conhecimento do fato relatado pelo paciente Thiago da Silva Malta determinou a abertura de sindicância em âmbito hospitalar para apurar o caso. Está sendo enviado também um ofício ao Conselho Regional de Medicina para apuração de conduta médica. A direção reforça que não faz parte da conduta esperada dos profissionais que atendem nesta unidade o uso de documento profissional de terceiros e que tomará todas as medidas administrativas após a apuração.”
Fonte: Extra