Geral – 15/03/2012 – 14:03
Madri, 15 mar (EFE).- O estímulo da “educada e ambiciosa juventude egípcia” e os erros do antigo regime, especialmente “o tratamento dado à causa palestina”, foram essenciais na Revolução de 25 de janeiro, afirmou nesta quinta-feira o embaixador do Egito na Espanha, Ayman Zain el-Dine. Em uma conferência em Madri, na qual explicou a transição política que seu país vive, El-Dine considerou que “o que está acontecendo agora no Egito se parece muito com o que ocorreu na Espanha há 35 anos, quando acabou a ditadura e começou a democracia”. “O que estamos vivendo é muito parecido com o que os espanhóis experimentaram, com muitas emoções ao mesmo tempo, como a esperança, o medo e a preocupação em construir um futuro melhor”, disse. “No final de junho, o Egito terá o primeiro presidente do país eleito democraticamente”, declarou o diplomata, explicando que acaba de ser aberto o período de inscrição de candidaturas (que vai de 10 de março a 8 de abril) para a votação que ocorrerá em 23 de maio.
Caso seja necessário, será convocado um segundo turno entre os dois candidatos mais votados em 18 de junho. Ao mesmo tempo, o Parlamento eleito em fevereiro se prepara para redigir a nova Constituição, que deve ser elaborada por 100 membros das duas Câmaras, em um processo que deve durar no máximo um ano. O embaixador afirmou acreditar que graças à contribuição conjunta de “partidos, sociedade civil e meios de comunicação”, o Egito “está dando passos em direção ao futuro”, e o caminho “vai ser muito mais rápido do que muitos acreditam”. “Estamos todos de acordo sobre a necessidade de um novo sistema econômico mais igualitário, mas igualmente respeitoso com o setor privado, para desenvolver todas as áreas, especialmente a indústria”, explicou.
“Também vai haver mudanças na política externa, dando mais importância à África e mais seriedade à causa palestina, sobretudo na forma de lidar com Israel”, disse o diplomata, ressaltando que isso “não ameaça o atual acordo pacífico” entre os dois países. Sobre as causas da revolução, El-Dine explicou que na última década do regime do ex-presidente Hosni Mubarak, o grande desenvolvimento econômico não foi acompanhado por avanços sociais, o que polarizou o país em ricos excessivamente ricos e pobres excessivamente pobres, que também tinham suas liberdades reprimidas. Assim, “uma juventude educada e ambiciosa, sem acesso ao desenvolvimento econômico e limitada em seus direitos políticos” foi fundamental para a mudança de um regime “inflexível” e “incapaz de compreender seus objetivos”.
Nesse contexto, o pouco prestígio do Egito no mundo árabe e africano era motivo de insatisfação do povo, especialmente “pela atitude do governo com relação à causa palestina”. EFE mr/mm
Fonte: R7