Estado apresentará a espécie na COP15, que será realizada em Campo Grande em março de 2026
Mato Grosso do Sul deverá oficializar em breve a juruva (do gênero Baryphthengus) como ave símbolo da Mata Atlântica em seu território. A proposta, que já está sendo discutida na Assembleia Legislativa (ALEMS), surgiu a partir de uma votação popular e deve ser apresentada oficialmente durante a 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Espécies Migratórias (COP15), que acontece em Campo Grande entre os dias 23 e 29 de março de 2026.
A escolha da juruva foi tema de uma reunião virtual da ALEMS nesta terça-feira (2), conduzida pelo deputado Renato Câmara (MDB), presidente da Frente Parlamentar para o Desenvolvimento das Unidades de Conservação. Ele defendeu a importância do reconhecimento oficial da espécie. “Queremos validar, por meio desta audiência pública, o nome da juruva, ave escolhida em concurso nas redes sociais como símbolo da Mata Atlântica sul-mato-grossense. Além de sua beleza, trata-se de uma espécie ameaçada de extinção, o que reforça a necessidade de sua preservação”, afirmou o parlamentar.

Renato Câmara também destacou o papel da ave no contexto da COP15. “Será um evento global, com delegações de diversos países, semelhante à COP30. Ter um símbolo como a juruva é dar visibilidade à nossa biodiversidade e ao esforço de conservação que fazemos aqui”, acrescentou.
ESCOLHA POPULAR
A votação popular foi realizada entre os dias 27 de maio (Dia Nacional da Mata Atlântica) e 2 de junho, com o resultado sendo divulgado em 6 de junho (Dia Mundial do Meio Ambiente). A iniciativa foi coordenada por biólogos, gestores de unidades de conservação e pesquisadores da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), com apoio da sociedade civil.
Segundo Ana Luzia de Almeida Batista Martins Abrão, gestora da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ernesto Vargas Batista, a ação teve como objetivo valorizar a presença da Mata Atlântica em Mato Grosso do Sul, onde ainda existem grandes extensões contínuas do bioma. “A escolha partiu da necessidade de destacar e preservar esse patrimônio natural, por meio de uma espécie que represente sua riqueza e importância ecológica”, explicou.
Foram selecionadas 19 espécies de aves com ocorrência no bioma no estado. Dessas, dez foram indicadas por especialistas para a votação final: ariramba-de-cauda-ruiva, beija-flor-dourado, benedito-de-testa-amarela, japacanim, juruva, martim-pescador-grande, pica-pau-de-cabeça-amarela, surucuá-variado, tricolino e udu-de-coroa-azul.
IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA
Durante a reunião, a professora Dra. Elaine Antoniassi, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental da UEMS, apresentou aspectos científicos da juruva, destacando sua importância para os ecossistemas da Mata Atlântica.
Com cerca de 42 centímetros, a juruva possui bico preto robusto, plumagem colorida e chamativa, além de características como a máscara preta nos olhos e coloração alaranjada do bico ao peito. A espécie foi descrita em 1818 pelo ornitólogo francês Louis Pierre Vieillot.
Antoniassi também enfatizou o papel ecológico da ave, comparando-a a organismos bioturbadores, que ajudam a manter a qualidade do solo e contribuem para a integridade dos ecossistemas. “A escolha da juruva levou em conta não apenas sua beleza e estado de conservação, mas também sua importância ecológica e representatividade no bioma”, concluiu.
Com a possível aprovação da lei estadual, Mato Grosso do Sul se prepara para apresentar a juruva ao mundo como um símbolo de seu compromisso com a conservação da biodiversidade e, especialmente, da Mata Atlântica durante a COP15.
Com informações Assembleia Legislativa de MS