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Hollywood se rende à China

Entretenimento – 01/05/2013 – 14:05

Um grupo de executivos americanos se encontra com autoridades chinesas. Os asiáticos sacam canetas vermelhas para riscar cenas de nudez, falas políticas inadequadas e filosofias que vão contra os ideais comunistas. Os americanos baixam a cabeça e voltam para casa com a mala cheia de trabalho. A cena, que poderia fazer parte de uma ficção sobre um mundo dominado por um governo totalitário, é realidade justamente na maior indústria do cinema mundial. Hollywood vem entrando no jogo e nas regras impostas pela China para abocanhar uma fatia do mercado local, que no ano passado se tornou o segundo em bilheteria, atrás apenas da dobradinha Estados Unidos e Canadá.

A China vendeu, em 2012, o equivalente a 2,75 bilhões de dólares em entradas para o cinema, 30% a mais que no ano anterior, em parte graças à mudança na lei que limita a entrada de filmes estrangeiros: a cota foi ampliada de 20 para 34. O mercado contribuiu de maneira decisiva para a marca alcançada por Hollywood em 2012, quando, pela primeira vez,  quatro filmes ultrapassaram a barreira de 1 bilhão de dólares em bilheteria. O empurrãozinho chinês levou para além dessa fronteira os blockbusters Os Vingadores, O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge e 007 – Operação Skyfall.

Qualquer transação com a China é sujeita a bruscas mudanças nas regras do jogo. Depois de aumentar a cota de filmes americanos no ano passado, o país criou novas regras tributárias que reduzem drasticamente o montante da bilheteria destinado aos produtores estrangeiros. Segundo reportagem do The Wall Street Journal, “o método de tributação está causando consternação em Hollywood, onde é visto como o último numa série de esforços que buscam limitar a capacidade dos estúdios americanos de obter lucros na China.”

Ainda assim, as perspectivas são boas. Segundo uma estimativa da consultoria Ernst & Young, até 2020 a China pode superar a dupla EUA e Canadá, que arrecadou no ano passado 10,8 bilhões de dólares.

“No cinema, a questão financeira pesa. Os filmes são caros e a China é um aliado que Hollywood não vai ignorar”, diz Fernão Ramos, professor de cinema da Unicamp.

Proibições – É por somas como essas que os estúdios disputam as poucas vagas do circuito comercial chinês. O Brasil, particularmente, conseguiu poucas até agora. “Os dois únicos filmes brasileiros que chegaram aos cinemas aqui foram Na Estrada da Vida, na década de 1980, e Tropa de Elite 2, em 2011”, diz Anamaria Boschi, curadora do Festival Internacional de Cinema de Shanghai, radicada em Pequim desde 2009. Segundo ela, dentro da cota imposta pela China, há espaço para apenas 14 filmes em 3D – os vinte restantes são 2D. Vale lembrar que no Brasil a regra é de certo modo invertida: o governo impôs uma cota mínima para a produção nacional, de acordo com a qual cada cinema deve exibir longas brasileiros por pelo menos 28 dias no ano e grandes complexos com vinte salas precisam ter 11 filmes nacionais diferentes em cartaz ao longo de 644 dias. 

Para ficar entre os selecionados pelas autoridades chinesas, os longas devem ser submetidos ao órgão regulamentador do Partido Comunista, o Sarft (sigla para State Administration of Radio, Film, and Television). “A lista de temas de tabus inclui sexo, homossexualidade, violência, religião, superstição, abuso de droga e álcool e atividades criminais. Ficções com fantasmas e viagens no tempo também costumam ser vetadas, assim como qualquer tipo de crítica ao Partido Comunista”, explica Robert Cain, produtor e consultor de cinema americano, em seu site China Film Biz. “A ideia da censura é evitar que um filme incite ações contrárias ao sistema”, explica Severino Cabral, professor e diretor do Instituto Brasileiro de Estudos de China e Ásia-Pacifico (Ibecap).

E, mesmo passando por todo o processo de adaptação, o perigo de ser recusado permanece. Como ocorreu com o americano Django Livre no dia 11 de abril. Quentin Tarantino, diretor da produção, aceitou se adequar às exigências e alterou diversas partes do filme, que chegou a entrar em cartaz, mas, no dia da estreia, foi exibido por apenas alguns minutos e logo cortado. Novas alterações depois, em 26 de abril a China finalmente anunciou a liberação do longa, vencedor de dois Oscar este ano, de roteiro original e ator coadjuvante. Django estreia no circuito chinês em 7 de maio.

Fonte: Veja

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