Por Robson Trevisan
Quem nasceu ou chegou em Três Lagoas depois de 2006, talvez não saiba que a praça central da cidade era conhecida como praça da Bandeira. E era bem diferente. Esse é um dos casos em que a “harmonização facial” não funcionou muito bem e gerou mais polêmica do que poderia se imaginar.
A troca de nome para Ramez Tebet talvez não tenha sido o “pior problema”. Afinal, foi uma homenagem a um dos políticos mais notáveis de Três Lagoas, nativo da região, que inclusive ocupou a presidência do Brasil por alguns dias.
A revitalização (na verdade, uma reconstrução), no entanto, como parafraseei acima, realmente é uma metáfora de um procedimento estético que deu errado.
A pracinha, em frente ao Paço Municipal e à Estação Ferroviária, já era ponto de encontro no início do século passado. Inicialmente conhecida como “Praça da Estação”, chamava a atenção o pequeno coreto, as calçadas em “X” e alguns arbustos.
Em 1922, a praça ganhou um segundo coreto (que depois foi modernizado em 1948) e, a partir de então, os arredores também receberam importantes construções. Uma delas, inaugurada em 1949, foi a sede da Prefeitura Municipal, iniciativa do prefeito Rosário Congro.
O prédio dos Correios também foi construído ali. Pouco tempo depois, em 1965, a praça ganha novas melhorias e, em comemoração ao cinquentenário de Três Lagoas, recebe uma fonte luminosa e musical, além de ser rebatizada como Praça da Bandeira.
Enquanto as tartaruguinhas da fonte tomavam sol, os moradores de Três Lagoas descansavam nos bancos “patrocinados” pelas famílias tradicionais da cidade. “Tocava até Roberto Carlos”, comenta uma saudosa frequentadora da praça.
Antes das melhorias da Lagoa Maior, era a Praça da Bandeira o “point” da cidade. À noitinha, ainda dava para assistir o “show” dançante da fonte luminosa. O comércio mais pujante de Três Lagoas também estava ali, ao redor da praça.
Até o início dos anos 2000, o local teve mais algumas pequenas reformas mas a grande mudança aconteceu realmente na revitalização de 2006, quando a praça também ganhou o novo nome e um busto, em bronze, do patriarca da família Tebet.
Na verdade, a praça foi totalmente modificada. E é até compreensível que, com o passar tempo, os locais públicos também sejam modernizados. No entanto, a impressão que se tem, quando o assunto é Praça da Bandeira, é que a saudade dos que existia por ali, realmente fala mais alto.
Fares Zaguir, o fotógrafo que registrou a história de Três Lagoas
Vale a pena aproveitar esse espaço para fazer jus a quem tornou possível “comparar” cada momento histórico da praça Ramez Tebet. Sem suas fotos, as imagens seriam apenas boas lembranças na memória de quem realmente viveu toda essa evolução e os tempos “bons que não voltam mais.”
Fares Zaguir passou praticamente toda a sua vida registrando as celebrações mais importantes de Três Lagoas e, é claro, a “transformação” da cidade. Detalhe: sem cobrar nada.
Ele era um apaixonado pela profissão e por Três Lagoas. “Colocava a câmera no lombo e saia pela cidade, a fotografar os prédios e construções”, relatou sua filha Jamile Zaguir.
Nascido em 1920, Fares Zaguir faleceu em 21 de junho de 2005, aos 84 anos, em decorrência de uma pneumonia e de complicações de uma queda no banheiro de sua casa, que resultou na fratura de um fêmur.
Veja mais fotos da transformação da Praça Ramez Tebet, ao longo da história, sob as lentes de Fares Zaguir:
