Geral – 08/02/2012 – 11:02
Quinze segundos. Foi durante um quarto de minuto que o brasileiro Diego Alves esteve frente a frente sozinho com Lionel Messi há uma semana. O goleiro saiu vitorioso da disputa particular ao pular para o seu lado esquerdo e defender o pênalti cobrado pelo melhor jogador de futebol do mundo (veja o vídeo). A partida entre Barcelona e Valencia terminou empatada em 1 a 1 e nesta quarta-feira os dois clubes entram em campo novamente para decidir quem vai à final da Copa do Rei.
Especialista em cobranças de pênalti, Diego Alves classifica a disputa direta com Messi como um jogo psicológico. “Você tem que ter a frieza de escolher um lado e levar o batedor a chutar ali. Isso tudo de forma muito rápida. No pênalti um segundo é uma hora”, disse o goleiro em entrevista ao iG. “No ano passado, ele bateu um pênalti em mim fez o gol, quando eu estava no Almería. Este ano, eu defendi. Está 1 a 1 essa disputa”, completa rindo.
Mais do que parar Messi, o Valencia de Diego tenta barrar o melhor time do mundo, segundo o próprio goleiro. “Não tenho dúvida disso. Se eles estão num dia bom, você pode perder de 6, 7 e 8. O Santos (na final do Mundial Interclubes) teve sorte porque podia ter sido 8”, opina.
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O Barcelona se está num dia bom, você pode perder de 6, 7 ou 8. O Santos teve sorte porque podia ter sido 8″
Diego Alves completa neste ano sua quinta temporada na Espanha. Durante o período, diz ter vencido a desconfiança dos espanhóis com os goleiros brasileiros. “Ouvia muito que quem vem do Brasil tinha que ser atacante, meia para fazer a diferença”, relata. Hoje, se sente respeitado e sonha em ter novas chances na seleção brasileira, onde foi titular nos últimos dois amistosos de 2011, contra Gabão e Egito. “Para isso, preciso fazer o meu trabalho e esperar”, diz. Defender uns pênaltis também ajuda.
iG: A partida contra o Barcelona vai ser a mais importante da sua carreira?
Diego Alves: Olha, aqui a gente valoriza bastante a Liga Espanhol. A Copa do Rei é uma competição que traz menos rendo para o clube. Mas a partir do momento que você vai chegando perto da final, vai criando aquela ilusão para o clube. Tirar o Barcelona na semifinal é uma coisa que pode ser histórica, então é um jogo muito importante mesmo.
iG: Mas é o título que acaba sobrando para os outros clubes da Espanha, não? Já que no Campeonato Espanhol a disputa fica sempre entre Barcelona e Real Madrid.
Diego Alves: É verdade. Muita gente aqui diz que existem duas Ligas. Uma entre Barcelona e Real Madrid e outra dos outros clubes. O objetivo do clube neste ano é chegar mais perto do Real Madrid e do Barcelona e conseguir uma vaga na Liga dos Campeões.
iG: E o Campeonato Espanhol, você acha que o Real Madrid, com sete pontos na frente, já ganhou?
Diego Alves: É difícil, o Real Madrid não pode vacilar. Tem um clássico no Camp Nou. Vai chegando um momento que o cansaço vai acusando nos jogadores. Não vou te opinara quem vai ganhar o campeonato, mas está complicado para o time do Barcelona
iG: Você disputou a Liga dos Campeões este ano. É muito diferente dos outros torneios?
Diego Alves: É a melhor competição do planeta. Jogar ela foi realizar um sonho. Foi muito prazeroso disputar essa competição.
iG: Barcelona é o melhor time do mundo mesmo? Como é jogar contra eles?
Diego Alves: Sem dúvida, é o melhor time de futebol do mundo. O Barcelona é o time que já joguei contra com mais domínio de jogo. A posse de bola é uma coisa absurda. A gente viu isso na final do Mundial Interclubes (contra o Santos, em dezembro). Mostrou bem a diferença do futebol espanhol e do brasileiro hoje. O Barcelona se está num dia bom, você pode perder de 6, 7 ou 8. O Santos teve sorte porque podia ter sido 8.
iG: Você ganhou visibilidade por defender pênaltis. Defender um do Messi é mais difícil?
Diego Alves: Fácil não é. O Messi é um jogador muito tranquilo nesta hora. Ele espera o goleiro definir. Mas chega um momento que não tem como esperar mais, que precisa definir e escolher um canto. No ano passado, ele bateu e fez o gol, quando eu estava no Almería. Este ano, ele bateu e eu defendi. Ta 1 a 1 essa disputa (risos).
iG: E como foram os instantes antes da cobrança?
Diego Alves: O que eu fiz foi definir o lado e tentei fazer com que ele chutasse naquele canto. Eu já conheço o estilo que o Messi bate, então foi tentar desestabilizar ele naqueles segundos. É um jogo psicológico. No pênalti um segundo é uma hora. É muito detalhe, muita coisa que você pensa. Numa hora você tem que finalizar. Você tem que ter tranqüilidade e frieza para escolher o lado que vai saltar e levar o cobrador com você. Eu defendi um pênalti do Cristiano Ronaldo também.
Diego Alves defendeu pênalti de Messi na Copa do Rei
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iG: E qual foi mais difícil, o do Messi ou o do Cristiano Ronaldo?
Diego Alves: São jogadores diferentes. O Ronaldo bateu 24 pênaltis na temporada e acertou 23. O único que ele perdeu foi comigo. Ele tem uma média muito boa. Agora tem que ter sorte também (risos).
iG: Você voltou a ser chamado para a seleção brasileira agora com o Mano. É o seu principal objetivo?
Diego Alves: Eu sigo trabalhando. Tive oportunidade de jogar contra Egito e Gabão. Acho que foi bem positivo. Agora é esperar e continuar fazendo o meu trabalho. Se o Mano achar que sou importante para a seleção. Se não, vou seguir o melhor trabalho. Nunca fui presenteado na minha vida. A seleção é um dos objetivos e vou trabalhar.
iG: Defender uns pênaltis ajuda também?
Diego Alves: O pênalti não é o fundamental, a regularidade é importante.
iG: Você está completando a sua quinta temporada na Espanha. Pretende voltar ao Brasil ou quer ficar mais tempo na Europa?
Diego Alves: De momento não pretendo voltar para o Brasil. Não posso dizer que nunca vou voltar, mas no curto prazo não penso. Quando cheguei aqui não tinha nenhum goleiro brasileiro na Espanha. No começo eles tinham receito, de saber se vai dar certo. Me perguntavam o que eu tinha vindo fazer aqui, que brasileiro tinha que ser atacante e tal. Logo na chegada, encaixei sete partidas sem levar gol. Hoje, sou respeitado aqui.
Fonte: Ig


