Frigoríficos de Mato Grosso do Sul habilitados para exportação aos Estados Unidos suspenderam temporariamente a produção de carne destinada ao país norte-americano. A decisão foi tomada após o anúncio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, caso reassuma o cargo.
Segundo Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems), o pedido para suspender os embarques partiu dos próprios importadores norte-americanos, diante das incertezas sobre a aplicação das novas taxas.
“Ainda é muito incerto. Os compradores preferiram interromper os embarques porque qualquer mercadoria enviada agora só chegaria após 1º de agosto. Os frigoríficos não pararam o abate, apenas suspenderam a produção voltada aos EUA. E é importante destacar que nem todas as plantas têm habilitação para exportar para lá, então algumas não são afetadas”, afirmou Capucci.
Empresas avaliam alternativas de mercado
Com a suspensão, empresas do setor estão analisando novos destinos para a carne antes direcionada ao mercado americano. Entre as possibilidades estão países como Chile, China e Egito, além do redirecionamento ao mercado interno.
“Cada grupo vai definir seu plano. Algumas plantas têm habilitação para exportar a outros países, e parte da produção também poderá ser absorvida internamente”, explicou o dirigente.
Até que esse redirecionamento seja efetivado, o mercado interno deve sentir os reflexos. A oferta maior pode pressionar os preços para baixo.
“A produção leva cerca de 30 dias para chegar aos EUA. Sem clareza sobre quando e como a tarifa será aplicada, se na origem ou na chegada, os compradores preferiram não correr riscos”, detalhou Capucci.
EUA são destino estratégico para o agro de MS
De acordo com dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), apenas em 2024 o estado exportou US$ 669,5 milhões em produtos para os Estados Unidos, incluindo 785,2 mil toneladas. A carne bovina respondeu por US$ 235,4 milhões desse total; a celulose, por US$ 213,4 milhões; e o sebo bovino, por US$ 46,1 milhões.
A imposição de tarifas pode impactar não apenas a balança comercial de Mato Grosso do Sul, mas também elevar os custos de insumos importados e comprometer a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
Com informações Midiamax