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sexta-feira, 19 de setembro, 2025

Firjan aponta fragilidade fiscal em parte dos municípios de MS

Apesar de avanços, 17 cidades do Estado estão em situação difícil ou crítica; Campo Grande tem desempenho preocupante

Mato Grosso do Sul apresenta um cenário fiscal marcado por contrastes, segundo o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta quinta-feira (18). O levantamento avaliou as contas de 5.129 municípios brasileiros com base nos dados declarados em 2024, incluindo 76 cidades sul-mato-grossenses.

No Estado, 25 municípios foram classificados com gestão “excelente” e 34 com situação “boa”, o que representa 74,6% das prefeituras avaliadas. Por outro lado, 16 estão em situação “difícil”, um em situação “crítica” e três ficaram sem avaliação por falta de dados.

EXTREMOS
No topo do ranking estadual, Figueirão, Ribas do Rio Pardo, Paraíso das Águas e Corguinho alcançaram a nota máxima (1,0) em todos os indicadores e figuram entre as gestões mais sólidas do Brasil. Outros destaques incluem Laguna Carapã (0,990), Brasilândia (0,940) e Bataguassu (0,925).

Na outra ponta, o município de Amambai registrou o pior desempenho de Mato Grosso do Sul e o único classificado na faixa “crítica”, com 0,331 pontos. A cidade pontuou 0,716 em autonomia, mas teve 0,060 em gastos com pessoal, 0,000 em liquidez e 0,547 em investimentos.

Entre os municípios em situação “difícil”, estão Vicentina (0,423), Bela Vista (0,441), Ladário (0,443), Jardim (0,478) e Naviraí (0,498).

CAPITAL
Campo Grande, capital do Estado, também teve desempenho negativo. Com 0,578 pontos, foi a segunda pior capital do país no ranking, superando apenas Cuiabá (0,524). A cidade teve nota máxima em autonomia (1,0), mas pontuou mal nos demais critérios: 0,410 em gastos com pessoal, 0,470 em investimentos e 0,431 em liquidez, o que a coloca na faixa de gestão “difícil”.

A prefeitura da capital foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

SEM DADOS
Três municípios sul-mato-grossenses, Angélica, Itaquiraí e Taquarussu ficaram fora da avaliação devido à ausência de dados no sistema da Secretaria do Tesouro Nacional, que alimenta o IFGF.

A prefeitura de Angélica explicou que houve um problema técnico no sistema de migração das contas consolidadas para o portal de transparência. “A falha está sendo corrigida manualmente. Todas as informações estão disponíveis conforme a Lei de Acesso à Informação”, informou, em nota.

Já a prefeitura de Itaquiraí afirmou que foi surpreendida com a ausência, já que, em 2023, havia recebido nota de excelência (0,832). “Cumprimos a obrigação de enviar os dados ao Siconfi e solicitamos esclarecimentos à Firjan sobre o motivo da exclusão”, declarou.

A prefeitura de Taquarussu não respondeu até o fechamento da reportagem.

IMPACTO
Segundo o secretário financeiro de Amambai, Dorival Pinduca, o município ultrapassou o limite legal de 54% para gastos com pessoal, atingindo 57,78%, o que comprometeu a capacidade de investimento e liquidez da cidade. “Adotamos medidas de austeridade para retomar o equilíbrio fiscal e garantir recursos para investimentos futuros”, afirmou.

ANÁLISE
O presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, destacou que, embora o cenário fiscal nacional tenha melhorado em 2024, impulsionado pela economia e por repasses maiores, como os R$ 177 bilhões do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o quadro ainda revela grandes desigualdades regionais.

“Mesmo com mais folga fiscal, seguimos com uma parcela significativa de cidades em situação desfavorável, o que evidencia desigualdades históricas e mantém o Brasil distante de um desenvolvimento equilibrado”, avaliou Caetano.

Segundo ele, é essencial que os municípios busquem ampliar suas receitas próprias, por meio de políticas de estímulo à economia local, e reduzam a dependência de repasses federais para garantir uma gestão fiscal sustentável.

Com Informações Campo Grande News

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Exportações de alimentos caem US$ 300 milhões em agosto, aponta ABIA

A balança comercial da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) registrou uma queda de US$ 300 milhões nas exportações de alimentos industrializados em agosto, o que representa uma retração de 4,8% em relação a julho. No total, o setor exportou US$ 5,9 bilhões no mês. O principal fator para a queda foi a redução nas compras dos Estados Unidos, que importaram US$ 332,7 milhões em agosto — queda de 27,7% em relação a julho e de 19,9% na comparação com agosto de 2024. TARIFA Segundo a ABIA, o resultado reflete a nova tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, além da antecipação de embarques em julho, antes da entrada em vigor da medida. Em julho, os EUA haviam importado US$ 460,1 milhões em alimentos industrializados do Brasil. Os produtos mais afetados foram: Açúcares: queda de 69,5% Proteínas animais: recuo de 45,8% Preparações alimentícias: baixa de 37,5% INFLEXÃO “O desempenho das exportações nos dois últimos meses evidencia uma inflexão clara: o crescimento expressivo de julho foi seguido por ajuste em agosto, sobretudo nos EUA, impactados pela nova tarifa, enquanto a China reforçou seu papel como mercado âncora”, afirmou João Dornellas, presidente executivo da ABIA. Segundo Dornellas, a retração indica a necessidade de o Brasil diversificar seus parceiros comerciais e ampliar sua capacidade de negociação. MÉXICO Com a queda nas exportações aos EUA, o México despontou como um dos mercados em ascensão. As exportações para o país cresceram 43% em agosto, totalizando US$ 221,15 milhões — cerca de 3,8% do total. O principal produto comprado pelos mexicanos foram proteínas animais. “O avanço do México, que coincide com a retração das vendas aos Estados Unidos, indica um possível redirecionamento de fluxos e a abertura de novas rotas comerciais, movimento que ainda requer monitoramento para identificar se terá caráter estrutural ou apenas conjuntural”, afirmou a ABIA. IMPACTO A projeção da entidade é de que os impactos da tarifa norte-americana se intensifiquem no acumulado de 2025. Entre agosto e dezembro, a estimativa é de uma retração de 80% nas vendas para os EUA dos produtos atingidos pela tarifa, com perda acumulada de US$ 1,351 bilhão. CHINA A China manteve a liderança entre os compradores de alimentos industrializados brasileiros, com importações de US$ 1,32 bilhão em agosto — alta de 10,9% sobre julho e de 51% em relação ao mesmo mês de 2024. O país asiático respondeu por 22,4% das exportações do setor no mês. OUTROS Outros mercados apresentaram desempenho negativo: Liga Árabe: queda de 5,2%, com US$ 838,4 milhões importados União Europeia: retração de 14,8% sobre julho e de 24,6% na comparação com agosto de 2024, com compras de US$ 657 milhões No acumulado de janeiro a julho de 2025, as exportações do setor somaram US$ 36,44 bilhões, uma leve queda de 0,3% em relação ao mesmo período de 2024. A principal causa foi a menor produção de açúcar durante a entressafra. SUCO Um dos poucos segmentos que registrou crescimento foi a indústria de suco de laranja, que não foi afetada pelas tarifas. Em agosto, o setor teve alta de 6,8% em relação a agosto de 2024, embora tenha recuado 11% frente a julho por causa da antecipação de embarques. EMPREGO A indústria de alimentos fechou julho com 2,114 milhões de empregos formais e diretos. No comparativo interanual, o setor criou 67,1 mil novas vagas entre julho de 2024 e julho de 2025, o que representa crescimento de 3,3%. Somente em 2025, foram abertos 39,7 mil postos diretos e outros 159 mil na cadeia produtiva, incluindo agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.

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