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Escolas públicas apostam na família para melhorar desempenho

Educação – 23/02/2013 – 11:02

O envolvimento dos pais nas atividades educativas dos filhos foi a fórmula encontrada pela Escola Municipal Beatriz Rodrigues da Silva, de Palmas (TO), para melhorar o desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – que saltou de 4,7 em 2007 para 8 em 2011. A instituição faz parte do estudo Excelência com Equidade, desenvolvido pela Fundação Lemman e pelo Itaú BBA para traçar um panorama de escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico e que apresentaram bom desempenho nas avaliações.

Entre os casos analisados, o coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, um dos responsáveis pela pesquisa, destaca o comprometimento das equipes envolvidas. “Algumas estratégias implantadas, como o acompanhamento contínuo das secretarias de educação, poderiam causar desconforto nos professores, que talvez se sentissem invadidos. Conseguir alcançar uma mudança cultural é um dos grandes desafios”, diz.

Entre as práticas que ajudam as escolas a alcançar bons resultados, o estudo indica quatro estratégias em comum nas instituições analisadas: criar um fluxo aberto e transparente de comunicação; ganhar o apoio de atores de fora da escola, como entidades e poder público; enfrentar resistências com o apoio de grupos comprometidos e respeitar a experiência do professor e apoiá-lo em seu trabalho. “São práticas simples, mas que exigem engajamento de toda a equipe”, afirma.

A diretora da escola Beatriz Silva, Fátima Pereira de Sena e Silva, também destaca o trabalho em equipe. Segundo ela, a presença da família foi decisivo. “Nós queremos que a comunidade se envolva com a escola, que participe da Festa da Família, do Festival da Primavera. Esse é um trabalho de parceria com as famílias”, diz. Dar atenção total aos alunos foi outra estratégia traçada para atingir notas mais altas no Ideb. “Se o aluno não vem, ligamos para a família. O uso do uniforme é muito cobrado, não permitimos que eles tragam celular para a escola. Nossa evasão é zero”, destaca. Para 2013, a instituição tem 880 alunos matriculados do ensino fundamental.

Para receber mais turmas, a escola de Palmas deve adaptar duas salas que até então eram utilizadas no projeto Mais Educação, do Ministério da Educação (MEC), que prevê a realização de atividades no contraturno. “Queremos atender mais a comunidade. Temos que nos adaptar para isso. Seria mais cômodo continuarmos como estávamos, mas a ideia é servir quem está ao nosso redor. É em nome do bem do grupo”, explica.

Entre outras justificativas para a boa qualidade do ensino, a diretora aponta as reformas na escola, além da capacitação e valorização dos professores. “É uma questão de motivação, de mostrar que, se nós começarmos com o pé direito, vai ser mais fácil e vamos ser reconhecidos”, diz.

Valorização financeira de professores refletiu no desempenho

Traçar uma meta foi o ponto de partida para a equipe da Escola Municipal Professora Suzana Moraes Balen, em Foz do Iguaçu (PR). Com Ideb 5,8, em 2009, a ideia era chegar a 7,5 – e, para isso, o trabalho da comunidade e da Secretaria de Educação também ganhou destaque. “Tivemos constante apoio não apenas com material físico, mas também pedagógico. Toda a nossa equipe se envolveu para atingir essa meta”, diz.

O projeto fez parte de uma proposta lançada pela prefeitura do município: profissionais de educação de escolas que conseguissem elevar em ao menos 25% o Ideb receberiam um 14º salário. “A parte financeira não foi o único estímulo. Nós realmente queríamos alcançar uma qualidade de ensino melhor, e antes não tínhamos motivação para isso. Nosso prédio era defasado, assim como o quadro de professores. A partir do momento em que fomos valorizados, começamos a trabalhar melhor”, diz.

Aumentar a carga horária foi outra alternativa – inicialmente mal vista pelos pais. Os alunos de 5º ano, que realizam a prova, passaram a ter aulas também no turno da tarde. “As famílias não gostavam muito, achavam que os filhos deveriam ficar em casa. Mas, com o tempo, mostramos a importância desse reforço”, conta. Hoje, a turma do 5º ano tem aulas com o mesmo professor nos dois turnos, enquanto os demais anos revisam conteúdo e realizam exercícios em contraturno durante quatro horas, duas vezes por semana, com professor cedido pela prefeitura especialmente para a tarefa.

Nos horários em que o professor do 5º ano tem reservados para planejamento, um substituto entra em sala de aula para atividades como a oficina do dicionário, em que, a partir de crônicas, músicas e textos literários, os alunos aprendem a utilizar a ferramenta para expandir o vocabulário. A diretora destaca que a adesão para atingir a meta foi total. “Cada um percebeu o seu compromisso dentro da escola. Foi um passo muito grande tanto para os alunos, quanto para os professores. Agora, nós queremos crescer ainda mais”, diz.

Fonte: Portal Terra

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