Geral – 08/04/2012 – 08:04
A Semana Santa, para os católicos militantes, é tempo de confissão dos pecados. O ainda senador Demóstenes Torres, demônio em pessoa para seus amigos traídos, é formado em Direito na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Não sabemos como será a Páscoa de Demóstenes.
Se usará esse tempo como um período de contrição. Se pedirá perdão ao padre e a quem acreditou nele. Se recordará a infância na cidade de Anicuns, maldizendo o momento em que caiu em tentação e virou o símbolo maior da hipocrisia política no Brasil. Se continuará a se sentir vítima de um prejulgamento do DEM, partido do qual se afastou para não ser expulso. Se dormirá o sono tranquilo dos que têm foro privilegiado. Se sonhará com a ressurreição num país sem memória que reabilita Renans e Collors. Um país que adia perigosamente o julgamento do mensalão.
Escândalos morais no Senado e na Câmara indignam os brasileiros, que se sentem reféns de um esquema grotesco de corrupção. Mas esse caso envolveu um intocável.
Dá azia, um certo asco. É quase como se o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, exemplo de pacificador incorruptível, fosse flagrado recebendo propina de um chefe do tráfico. Impensável. Por isso Beltrame resiste a entrar para a política.
O Lula sincero, antes de ser contaminado pelo poder, afirmou que havia “pelo menos 300 picaretas no Congresso”. Depois, presidente eleito com a bandeira da ética, nivelou-se por baixo e passou a fazer “o que todo mundo faz”.
Nas últimas semanas, escutamos e lemos detalhes de conversas entre o “doutor” Demóstenes e o “professor” Cachoeira, gravadas pela Polícia Federal. É sabido que os senadores têm pena de si mesmos, por ganhar apenas R$ 19 mil por mês, fora as mordomias.
Nada mais lógico, portanto, que um senador receba de um contraventor eletrodomésticos, passagens e uns milhões de reais.
Nada mais deprimente. Ganhar de um bandido um fogão e uma geladeira importados?
Fonte: Ruth de Aquino, ÉPOCA


