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quarta-feira, 17 de setembro, 2025

Chacina de Unaí: 21 anos depois, justiça alcança mandantes do crime

Há exatos 21 anos, os auditores fiscais do trabalho Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados em uma emboscada na zona rural de Unaí, no noroeste de Minas Gerais, a 168 quilômetros de Brasília (DF).

A chacina de Unaí foi ordenada pelo fazendeiro Norberto Mânica, conhecido como “Rei do Feijão”, dono da empresa Agropecuária Ivae e irmão do prefeito da cidade, Antério Mânica. Sentenciado em 2023 a 64 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha, Norberto Mânica foi preso no último dia 15 no interior do Rio Grande do Sul, após estar foragido. O irmão do ex-prefeito também foi condenado e preso no ano da sentença.

Motivações do crime

Segundo Marcelo Campos, auditor fiscal do trabalho desde 1995, a ordem para o homicídio visava inicialmente matar exclusivamente Nelson José da Silva, que atuava na região. Campos afirma que a motivação do assassinato ia além da fiscalização contra trabalho análogo à escravidão. “O Nelson era um auditor negro que notificava, cobrava e dava ordens para fazendeiros brancos com poder econômico e político. Esse foi o principal motivo do assassinato”, explica Campos.

Execução da chacina

No dia do assassinato, os pistoleiros contratados para matar apenas Nelson ligaram para os mandantes e informaram que ele estava acompanhado de mais três pessoas. A ordem recebida foi clara: “Passa o cerol. Mata todo mundo”. Segundo Campos, os Mânicas não sabiam quem eram Eratóstenes, João Batista ou o motorista Aílton, mas sabiam quem era Nelson.

Mudanças nos protocolos de fiscalização

As declarações de Marcelo Campos foram feitas publicamente na tarde da última terça-feira (28), durante uma mesa-redonda organizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Brasília, com a participação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, do Ministério Público do Trabalho e de representantes da sociedade civil.

Campos, que iniciou sua carreira no ano em que o MTE começou a combater a exploração do trabalho em condições análogas à escravidão (1995), durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, descreve que após a chacina de Unaí, os protocolos de fiscalização do trabalho foram alterados. “Mudamos todos os nossos protocolos a partir dali, não só para fiscalizações de combate ao trabalho escravo, mas também para fiscalizações rurais e até urbanas que demonstram algum perigo. Nesse caso, atuamos com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal”, conclui Campos.

Com informações Agência Brasil

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