Centenas de pessoas, entre crianças, adolescentes, educadores e autoridades, reforçaram a luta contra a exploração e o abuso sexual infantil em Três Lagoas, na manhã desta sexta-feira (16). A multidão se concentrou nas primeiras horas da manhã, na Praça da Igreja Matriz, de onde saiu em caminhada até a Praça Ramez Tebet, no centro da cidade. A ação é um dos atos em alusão ao Maio Laranja, e acontece no momento em que a cidade constata aumento de 325% no número de registros de casos de violência infantil.
Segundo dados do Departamento Municipal de Proteção Especial, de janeiro até o momento, o setor recebeu 13 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, enquanto que no mesmo período em 2024, o número foi três vezes menor, com quatro ocorrências, na cidade.
O cenário é considerado alarmante por parte das autoridades municipais. Para secretária de Assistência Social do município, Vera Helena Arcioli, os números destacados não representam a real situação, pois não contabilizam todos os casos atendidos pela Polícia Civil. Somente nestes primeiros quatro meses deste ano, já são 41 boletins de ocorrência registrados pela Delegacia responsável em investigar este tipo de crime.
“É alarmante, nós não podemos aceitar esta realidade de braços cruzados. Estamos hoje na rua com cartazes e muito alerta para dar maior visibilidade ao problema. Temos uma rede de proteção que atua ativamente para atender essas vítimas e hoje buscamos alertar toda a sociedade para o que está acontecendo” alerta a chefe da pasta da Assistência Social.

O Departamento Municipal de Proteção Especial desenvolve políticas e ações públicas para a população mais vulnerável e mais suscetível a casos de violência contra crianças e adolescentes. O município oferece acolhimento por meio da rede de proteção, e desenvolve políticas e ações públicas para atender vítimas e conscientizar a sociedade. Para a coordenadora do serviço, Rosimeire Cardoso, a denúncia é o maior instrumento nessa batalha.
“A denúncia é muito importante. Todos que convivem com crianças e adolescentes podem ajudar, basta observar uma mudança de comportamento, quando uma criança ou um adolescentes se torna muito agressivo, ou mais quietos e calados, se isso for incomum, ligue o alerta, denuncie, pq há grandes chances desse menor estar sob alguma situação de violência ou abuso. Disque 100 é o canal para que qualquer um leve o problema ao conhecimento das autoridades”, explicou Rosimeire Cardoso.

Um dos parceiros mais importantes nesta luta é a Missão Salesiana que desenvolve projetos sociais que acolhem muitas crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e muitos dos atendidos são vítimas de algum tipo de violência. Para a coordenadora da Missão Salesiana, Sadi Silva, a união da sociedade com o poder público e as autoridades, é o caminhos para proteger as vítimas.
“Nosso trabalho é acolher crianças e adolescentes que vivenciam muitas situações de negligência. Esse trabalho em conjunto é que poderá abrir caminhos para prevenir que mais crianças sejam vítimas. As pessoas precisam saber que o abuso e a exploração sexual não são os únicos crimes que muitas crianças e adolescentes são vítimas. Há a violência psicológica, física, exploração para o trabalho, negligência para a saúde e educação, tudo o que compromete o futuro dessas gerações”, alertou Sadi.