Economia – 14/02/2012 – 17:02
Com emprego garantido e o aumento na renda, o consumidor brasileiro, proporcionalmente, gastou mais com produtos supérfluos do que com alimentos em 2011, segundo números da Pesquisa Mensal do Comércio divulgada nesta terça-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O segmento de móveis e eletrodomésticos foi o que mais cresceu no ano passado, com alta de 16,6% nas vendas, enquanto o comércio de alimentos aumentou tímidos 4% no mesmo período.
Além do bom momento para o trabalhador, com aumento na geração de emprego com carteira assinada, o comportamento dos preços nos dois setores e a oferta de crédito ajudam a explicar esse resultado, na avaliação do IBGE.
De acordo com a pesquisa, o preço dos alimentos subiu 5,4% nos últimos 12 meses de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), impactado pela alta das matérias-primas básicas (commodities) e também por fatores climáticos, como secas e enchentes, que provocaram aumento nos preços de legumes e hortaliças.
Em contrapartida, os preços dos eletroeletrônicos, que integram o segmento móveis e eletrodomésticos, ficaram mais atraentes ao longo do ano passado.
Assim, a soma de preços atraentes, manutenção do emprego, aumento na renda dos trabalhadores e oferta de crédito fez com que, proporcionalmente, o brasileiro gastasse menos com as compras de alimentos no mercado.
Ou seja, uma vez garantida a alimentação, o consumidor vai em busca dos bens considerados supérfluos. Segundo o gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, é o momento em que as pessoas vão trocar a TV de tubo por uma LCD ou de LED, ou mesmo as substituições de um computador convencional por um laptop, por exemplo.
- Os preços ajudaram bastante, assim como o crédito. Além disso, o aumento da renda e a estabilidade no emprego fizeram com que as pessoas se comprometessem mais com financiamentos e crediários. Isso, com certeza, ajudou bastante.
Para Pereira, o bom resultado nas vendas de eletroeletrônicos também foi impactado por uma “demanda reprimida” por esse tipo de produto graças à ascensão de parte da população para a classe média.
De acordo com o IBGE, foi a primeira vez que o comércio de móveis e eletrodomésticos teve mais peso do que as vendas de alimentos e bebidas que, historicamente, costumam representar o maior volume no comércio varejista.
Os móveis e eletrodomésticos representaram quase metade (45,6%) do resultado total das vendas, enquanto o setor de hipermercados foi responsável por cerca de um terço (27,3%) do volume do varejo em 2011.
Brasileiro antecipa compras de Natal
Na comparação mês a mês, as vendas no varejo subiram apenas 0,3% em dezembro do ano passado, mesmo com as compras do Natal. Segundo o economista Reinaldo Pereira, o resultado, no entanto, não pode ser considerado fraco, pois muitos consumidores anteciparam as compras de fim de ano em novembro, mês em que as vendas aumentaram 1,2%.
- As pessoas têm antecipado as compras exatamente para não encarar os shoppings e lojas naquele tumulto do final de ano. O Natal, na verdade, não foi fraco. É preciso fazer a junção desses dois meses.
Também houve alta nas vendas de artigos farmacêuticos e de produtos médicos, ortopédicos e de perfumaria, que cresceram 9,7% na comparação anual.
Para o IBGE, ainda não é possível mensurar os impactos da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na linha branca nas vendas, assim como as medidas tomadas pelo governo federal para desestimular a compra de carros importados.
Fonte: R7