Entretenimento – 14/01/2012 – 09:01
A ameaça de rebaixamento da nota de confiança de vários governos da zona do euro pela agência de rating Standard & Poor’s ainda nessa sexta-feira mexe com o humor dos investidores.
O jornal britânico Financial Times, citando uma fonte da Standard & Poor’s, disse que a agência de classificação de risco vai cortar os ratings da Áustria e da França de AAA para AA+. A Bloomberg Television, citando uma fonte de um governo europeu, afirmou que um anúncio sobre o rebaixamento de “vários países europeus” pela S&P deve ser feito às 18h (horário de Brasília).
Também o site do Wall Street Journal informa que a Standard & Poor’s avisou ao governo da França que rebaixará a nota de crédito do país, atualmente em AAA – maior nível possível -, em um grau, para AA+. A informação foi teria sido transmitida por uma autoridade francesa. Outros governos da zona do euro também receberam notificações sobre rebaixamentos, segundo fontes próximas ao assunto.
Mais cedo, a agência Dow Jones tinha afirmado que um aviso da S&P estava circulando entre governos da zona do euro e que um anúncio “poderia ser iminente”. Na França, o site do jornal Le Monde afirma em sua manchete que a “agência S&P rebaixou a nota soberana” do país, mas atribui a informação a uma pessoa do governo.
Já a agência CNBC, citando o jornal francês Les EchosItália, afirmou que Espanha e Portugal devem ter seus ratings soberanos rebaixados em dois graus hoje pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s.
O periódico afirma que a França vai perder seu rating triplo A, mas que a nota do país será rebaixada em apenas um grau, para AA+. Segundo o jornal, os ratings de Holanda, Alemanha e Luxemburgo não serão alterados. Esses três também têm a nota máxima triplo A. As informações são da Dow Jones.
Em dezembro, a França e a Áustria estavam entre as 15 nações da zona do euro que foram incluídas na revisão de ratings com perspectiva negativa. Segundo o FT, nem a agência, nem os governos confirmaram os rebaixamento da França e da Áustria.
Com isso, a maioria das bolsas europeias apagaram seus ganhos e entraram em território negativo. Às 13h50 (horário de Brasília), a Bolsa de Londres caía 1,05%, Frankfurt cedia 1,25%, Paris declinava0,81%. Entre os países periféricos, Madri tinha queda de 0,24% e Lisboa, 1,32%.
Em Nova York, as bolsas operam em queda. Nasdaq recua 1,09%, Dow Jones, 1,03%, e S&P 500, 0,90%. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo opera com baixa de 1,45%. O dólar comercial sobe 0,95%, cotado a R$ 1,802.
No mês passado, a S&P colocou 15 dos 17 países da zona do euro sob revisão para possível rebaixamento devido a atual crise da dívida na região. Investidores passaram semanas se perguntando quando os rebaixamentos poderiam ser anunciados.
Participantes do mercado têm estado especialmente preocupados de que a França possa perder o seu rating AAA. Um corte da nota poderia colocar em perigo a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), o programa de socorro da região. A S&P não quis comentar a possibilidade.
Citando uma fonte sênior de um governo da zona do euro, a agência Reuters informa em seu site que a Alemanha não está entre os países da zona do euro que podem ter seus ratings rebaixados pela Standard & Poor’s. Segundo a agência, os países que enfrentariam um possível downgrade não foram informados pela fonte.
Além do boato, o mercado reage ao balanço pior que o esperado do JP Morgan, que abriu a temporada para os números trimestrais dos bancos norte-americanos. No quatro trimestre de 2011, o lucro líquido do JPMorgan caiu para US$ 3,7 bilhões, de US$ 4,8 bilhões em igual período de 2010. A receita líquida também recuou, na mesma base de comparação.
Já o novo leilão de bônus da Itália, realizado hoje, não gerou a mesma empolgação verificada ontem nos mercados. O governo italiano vendeu o volume máximo pretendido de 4,75 bilhões de euros em um leilão de bônus. Os papéis com vencimento em 2014 foram vendidos com prêmio mais baixo do que no leilão anterior, mas o papel para 2018 foi colocado com um prêmio mais alto.
Fitch
Na quarta-feira, outra agência de classificação, a Fitch, disse que não tem planos de tirar o rating triplo A da França este ano. A informação foi dada por um porta-voz da companhia, citando um comunicado divulgado no mês passado. “Caso não haja um choque adverso substancial, mais provavelmente associado a uma piora dramática da crise na zona do euro, a Fitch não deve resolver a perspectiva negativa antes de 2013″, diz o texto liberado pela agência em dezembro.
Entretanto, em uma entrevista em Londres no mesmo dia, David Riley, diretor da equipe de ratings soberanos globais da Fitch, disse que todas as revisões negativas impostas sobre os ratings de países da zona do euro – incluindo a França – serão resolvidas até o fim deste mês.
Fonte: Estadão