Com 213,9 mil famílias beneficiadas no Estado, valor mensal pago foi, em média, de R$ 700; programa foi relançado em março.
CORREIO DO ESTADO – O programa Bolsa Família foi relançado em março pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atender a população mais vulnerável do País. Em Mato Grosso do Sul, o programa injetou R$ 1,459 bilhão entre março e dezembro de 2023. Dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) apontam ainda que 213,9 mil famílias foram beneficiadas no último mês do ano passado.
O doutor em Administração Leandro Tortosa destaca que, nacionalmente, o programa contribui para “lubrificar as engrenagens que movimentam a cadeia econômica do País”, tendo em vista que comprovadamente os valores impactam diretamente em diversos setores. Com base em um amplo estudo do Banco Mundial, “Cash Transfers and Formal Labour Markets – Evidence from Brazil”, Tortosa aponta que, a cada US$ 1 investido pelo governo, o benefício social devolve aproximadamente US$ 2,16 para a comunidade local. “O estudo mostrou que, em média, 54% do gasto dos beneficiários é em serviços, sendo 2/3 gastos em lojas físicas”.
De acordo com o estudo, além de combater a pobreza, o programa tem efeitos multiplicadores pelo estímulo que dá à demanda local e ao emprego, inclusive de não beneficiários. “Além do benefício imediato às famílias contempladas pelo programa de transferência de renda, em termos de pobreza e de desigualdade, temos resultados importantes no emprego formal e na economia em geral”, explica Joana Silva, economista sênior do Banco Mundial e uma das responsáveis pelo estudo.
Segundo ela, nos lugares onde o programa se expandiu de forma mais consolidada, houve aumento maior do consumo, dos empregos, do número de contas bancárias e da arrecadação de impostos. O mestre em Economia Lucas Mikael complementa que a constatação dos efeitos positivos nas atividades econômicas locais é um indicativo relevante dos impactos sociais e econômicos da iniciativa.
“O Bolsa Família, ao direcionar recursos diretamente para famílias em situação de vulnerabilidade, não apenas contribui para a melhoria das condições de vida dessas famílias, mas também tem repercussões benéficas na economia”. Ainda baseado no estudo do Banco Mundial, o administrador enfatiza que o potencial de impacto na economia local é de aproximadamente US$ 65 milhões, ou seja, próximo de R$ 320 milhões.
“Considerando o PIB [Produto Interno Bruto] previsto para 2023 em MS, de R$ 164,7 bilhões, o impacto do Bolsa Família pode corresponder a 0,20% do PIB”, diz Tortosa. Ele salienta que cerca de 88% das famílias sul-mato-grossenses que recebem o benefício são chefiadas por mulheres. “O maior número de famílias contempladas é em Campo Grande, com 59,5 mil beneficiários, que recebem valor médio de R$ 685,60. Em seguida vêm Dourados, com 14,1 mil famílias, Corumbá, com 10,3 mil, e Ponta Porã, com 9,5 mil. Paranhos tem o maior repasse médio, com R$ 822,15 para 1.794 famílias, seguido por Ladário [R$ 731,69], Japorã [R$ 731,23] e Jardim [R$ 723,27]”, complementa.
Para o administrador, do ponto de vista social, o Bolsa Família, em conjunto com outras políticas públicas no Estado, contribui para que MS tenha a terceira menor taxa de pobreza extrema do Brasil (pessoas que sobrevivem com menos de R$ 11,80 por dia). “Enquanto a média nacional foi de 5,9%, Mato Grosso do Sul tem em torno de 2,8%”, conclui Tortosa. Mikael destaca ainda que os autores do estudo estimaram uma projeção de que 10,7 milhões de pessoas devem sair da pobreza com o novo Bolsa Família, o que destaca o potencial contínuo dessas políticas sociais.