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segunda-feira, 25 de agosto, 2025

Da sapatilha compartilhada ao sonho: 1º ouro do Brasil agora torce pela irmã

09/09/2016 – Atualizado em 09/09/2016

Ricardo lembra início esportivo ao lado de Silvânia, favorita no salto em distância T11

Por: Globo Esporte

Na casa em que vive em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, dona Maria Eunice transbordou de emoção. Mesmo tendo medo de qualquer mínima altura, subiu na mesa para filmar o filho na televisão. Sua caçula, Silvânia, chegou à Rio 2016 como favorita ao título do salto em distância, classe T11. Mas quis o destino que fosse o mais velho, Ricardo, a conquistar o primeiro ouro do Brasil na Paralímpiada. Ele, que no começo se alternava com a irmã no uso de uma mesma sapatilha de treino, hoje exibe uma medalha no peito enquanto torce para que a mais nova repita seu feito.

O título de Ricardo veio no último salto, ao cravar 6,52m e superar em um centímetro a marca do até então líder, o americano Lex Gillete. A comemoração começou na pista e se ampliou após a entrega da medalha dourada e do mascote Tom, cuja cabeleira combinava com a cor do metal dado a cada um dos três primeiros colocados.

  • Liguei para minha mãe. Ela não sobe nem em uma cadeira, mas fiquei sabendo que ela subiu na mesa para filmar, porque nossa televisão fica no alto. Ficamos muito emocionados. Sinto orgulho de mostrar para minha mãe que o filho dela é um exemplo. Se Deus quiser a Silvânia vai conseguir também.

Nas semanas que antecederam a Paralimpíada, Silvânia quebrou o recorde mundial feminino desta mesma prova duas vezes. Ela e Ricardo, com o gosto pela prática de esportes, sempre foram muito unidos e mais próximos do que a outra irmã, Simone, também deficiente visual.

A doença degenerativa não os impediu de ter uma infância tão normal quanto possível. Em casa, a mãe os criou para serem independentes e se virarem por conta própria. Quando iam para a rua, o mais velho e a caçula gostavam de suar e competir. Primeiro testaram o desempenho em diferentes distâncias na corrida, e depois descobriram o salto em distância.

Naquela época o dinheiro era curto. Quanto Ricardo ganhou uma sapatilha, tinha que dividi-la com Silvânia – mesmo com as duas muito folgada para seus pés. Enquanto um treinava, o outro descansava. Era o jeito de ambos seguirem sonhando com a vida de atleta profissional.

  • Eu sempre quis ter um irmão, mas lá em casa são duas irmãs. A Silvânia preencheu esse espaço sem nenhuma dificuldade, sempre foi uma irmã de guerra, sempre estava comigo, me apoiando. Na fase difícil, quando nós começamos, chegamos a revezar a mesma sapatilha. Ela corria e eu esperava para usar a mesma sapatilha no treino. Meu número ficava grande para ela, mas não tinha material. Era aquilo ou nada, um apoiando o outro. Eu e minha irmã somos muito unidos mesmo.

Ricardo, hoje com 34 anos, volta ao Engenhão no sábado pela manhã para disputar as eliminatórias dos 100m classe T11. Não tem grandes aspirações na prova de velocidade, mas tentará deixar sua marca. Silvânia compete apenas na próxima sexta-feira, dia 16, na prova em que é favorita – lidera o ranking mundial com 5,46m, atual recorde mundial. Como os dois sempre acompanharam um ao outro na vida esportiva, ele está otimista por por ela

  • Ela bateu recorde mundial, eu falei que era minha vez, que o que ela fazia eu também ia fazer. E assim foi. Ela bateu duas vezes o recorde na mesma prova, e falei que ia me concentrar nisso. gente sempre se espelha um no outro.

Através das redes sociais, Silvânia externou o orgulho e a parceria vivida pelos dois.
– Seu sonho sempre foi o meu. Não tenho palavras não consigo me expressar esse momento tão magnífico em nossa vida. Lutamos tanto, batalhamos juntos. E conseguimos. Comemore muito. Essa vitória é sua..

Descrição da imagem: irmãos Ricardo e Silvânia posam juntos na Vila dos Atletas (Foto: Reprodução Facebook)

Descrição da imagem: Ricardo morde medalha e exibe o mascote Tom com cabelos dourados (Foto: infoesporte)

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