Geral – 07/03/2012 – 16:03
Quase 100% dos postos de gasolina de São Paulo estão sem gasolina nesta quarta
Por causa da greve dos motoristas de caminhões, a Grande São Paulo deixou de receber quase 120 milhõe de litros de combustíveis entre segunda-feira (5) e terça-feira (6), segundo o presidente do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), Alísio Vaz. Os caminhoneiros estão paralisados depois que entrou em vigor a proibição de circulação em vias de São Paulo, principalmente na marginal Tietê.
Segundo Vaz, diariamente a região recebe de 50 a 60 mil litros de combustíveis por dia em ocasiões normais de abastecimento.
- As bases de abastecimento que suprem a Grande São Paulo movimentam entre 50 e 60 milhões de litros por dia e, desse volume, pelo menos 90% deixou de ser distribuído.
O presidente explicou que o abastecimento só deve voltar ao normal em aproximadamente três dias, mas só em caso de 100% do fim da greve.
- Com esse movimento de paralisação suspenso eu imagino que em três dias a gente consiga restabelecer o abastecimento em São Paulo.
Quase 100% dos postos de gasolina da capital e da grande São Paulo estão sem combustível, segundo José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de São Paulo).
Escolta
A Polícia Militar escoltou 70 caminhões de transporte de combustíveis de terça até a manhã desta quarta-feira (7). Os veículos foram organizados de forma a saírem em grupo, totalizando 31 operações. A medida foi adotada depois que vários caminhoneiros sofreram ameaças por parte de grevistas do setor.
O movimento, que pede o fim da restrição de circulação na marginal Tietê, ameaçou colocar fogo em alguns veículos e obrigou vários motoristas a voltarem para suas distribuidoras. Diante desse cenário, a PM ativou o gabinete de crises e colocou 1.150 homens, 603 viaturas e 42 guinchos para dar apoio às operações nas ruas.
O combustível escoltado está sendo destinado, principalmente, para abastecer o transporte coletivo, o aeroporto de Congonhas e serviços essenciais da Prefeitura de São Paulo, como ambulâncias, operações de tráfego, policiamento e Corpo de Bombeiros. Até agora, além da Prefeitura de São Paulo, a PM também escoltou caminhões de Mauá e Suzano.
Orientação
Apesar de o Sindicam (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens do Estado de SP) pedir para os caminhoneiros voltarem ao trabalho, alguns deles sinalizaram que não pretendem acabar com a greve.
De acordo com o presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), depois que a greve dos caminhoneiros dos transportadores de combustíveis se encerrar, o abastecimento aos postos só deverá se normalizar dentro de quatro ou cinco dias. Hoje, Gouveia também informou que 100% dos postos estão sem combustíveis.
O Sindicam (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens do Estado de SP) informou que ainda não foi notificada pela Justiça sobre a liminar concedida pelo Tribunal de Justiça nesta terça-feira (6), que determina o abastecimento aos postos. De acordo com o vice-presidente do sindicato, Claudinei Pelegrini, assim que for informado, eles irão acatar a decisão judicial.
- Nós convocaremos uma assembleia para que os caminhoneiros decidam se irão ou não continuar com a greve. Eles que começaram a greve, eles que têm que decidir.
A prefeitura também pediu à Justiça que aplicasse multa diária de R$ 1 milhão aos sindicatos, caso a greve continue.
Falta de gasolina
No terceiro dia da greve, os frentistas aproveitaram para lavar os postos de gasolina por causa da falta de combustíveis. O fato foi registrado pelo R7 em um posto da avenida Voluntários da Pátria, na altura do número 33, na zona norte de São Paulo. No local, sete frentistas estavam com rodos e mangueiras nas mãos para fazer a limpeza. Segundo um dos funcionários, não tem gás, álcool, diesel, nem gasolina.
- Hoje só deu para abastecer os últimos R$ 4.
Na avenida Professor Cellestino Bourrol, na altura do número 34, os combustíveis acabaram ainda na noite e terça-feira (6). Uma frentista também aproveitou para fazer a limpeza do local.
- Não tem nada, estamos aproveitando para lavar.
Os poucos postos que ainda tinham algum combustível registravam filas na manhã desta quarta-feira, como um que fica na pista local da marginal Tietê, perto da ponte da Freguesia do Ó. Pelo menos 15 carros se enfileiravam para encher os tanques. No estabelecimento, havia apenas 11 mil litros de gasolina.
O motorista Marco Antônio Cruz, que vai pegar a estrada ainda nesta quarta, abasteceu R$ 55 e pediu chorinho para os frentistas.
- Pode por o chorinho. Estou com medo de acabar mesmo, não dá para parar na estrada.
Na avenida Marques de São Vicente, na zona oeste da capital, os frentistas afirmaram que só tem 7.000 litros para atender a demanda dos motoristas. Segundo eles, como na há previsão de abastecimento das bombas, a quantidade restante não deve durar até amanhã.
Abuso nos preços
O aumento no preço dos combustíveis em alguns postos de São Paulo, provocado pela paralisação dos caminhões distribuidores de combustíveis é uma prática abusiva, segundo o Procon-SP (Fundação Procon de São Paulo). Elevar o preço de produtos ou serviços, sem justa causa, é crime, conforme a entidade.
O Procon orienta o consumidor para que, ao abastecer o veículo, exija a nota fiscal e denuncie o posto que tiver elevado o preço do combustível. Na capital, a denúncia pode ser feita pelo telefone 151. O diretor executivo do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, informou que as denúncias vão ser investigadas pelo órgão, podendo gerar multas que variam entre R$ 400 e R$ 6 milhões.
Por meio de nota, o Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo) disse ter conhecimento sobre o aumento de preços na venda dos combustíveis “muito acima do normal e razoável”. Segundo o Procon, o aumento abusivos de preços, em razão desse tipo de situação, podem caracterizar, segundo a legislação brasileira, crime contra a ordem econômica e as relações de consumo.
Fonte: R7