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Torcedores protestam contra a contratação de Bruno por time: ‘Mulheres dizem não a Bruno no Mocão’

16/04/2014 – Atualizado em 16/04/2014

Iniciativa está sendo promovida pelo Levante Popular da Juventude. Presidente Montes Claros FC diz que não vai rescindir contrato.

Por: G1

O Movimento Levante Popular da Juventude realiza em Montes Claros (MG) uma campanha contra a vinda do goleiro Bruno para a cidade. Nas ruas do Centro é possível ver diversos cartazes com os dizeres “levante-se contra o machismo” e “as mulheres dizem não a Bruno no Mocão”.

O goleiro tem um contrato assinado com o time local Montes Claros Futebol Clube, que atualmente disputa o Módulo II do Campeonato Mineiro. Nesta terça-feira (15), os advogados que defendem Bruno, preso em Contagem, entregaram à Secretaria de Estado de Defesa Social um reforço do pedido de transferência do detento para a cidade do Norte de Minas Gerais para que assim o jogador pudesse atuar pelo time.

Marta Gravi, uma das organizadoras do movimento, encara a vinda do atleta como uma agressão às mulheres da região.

“A vinda do goleiro contribui para a naturalização da violência contra a mulher, que na nossa sociedade é vista como algo naturalmente aceito. A presença dele também contribui para que as agressões se perpetuem e continuem a ser vivenciadas no dia a dia”, diz.

O Levante Popular da Juventude está presente em todo o Brasil e foi fundado em 2011, mesmo ano em que passou a existir em Montes Claros. O movimento tem um setor que lida diretamente com a violência contra a mulher.

“Antes do caso da Eliza Samúdio, o Bruno estava no auge, ele se tornou uma referência como goleiro. As pessoas de Montes Claros enxergam a oportunidade de ter uma atleta desse porte em um time local e acabam aceitando, mas esquecem do crime que ele cometeu”, diz outra organizadora da campanha, Mariana Dupin.

A União Popular de Mulheres (UPM), outra entidade feminista que lida com casos de agressão, também apoia o movimento.

“A morte de Elzia Samúdio poderia ser apenas mais, mas não foi pelos contornos de brutalidade com os quais ela foi morta. O agressor não pode desfrutar de nenhum benefício. Não tiro o mérito da profissão dele, mas as pessoas não podem olhar somente por esse lado”, diz Mariza Cantídio.

Mariza conta que a UPM tem o papel de ajudar as mulheres a procurarem por ajuda especializada. Por mês são atendidos 30 casos de agressões física, verbal e psicológica contra mulheres.

A opinião das mulheres nas ruas
O G1 ouviu algumas mulheres nas ruas de Montes Claros, a diarista Alessandra Ferreira se posiciona contra a vinda de Bruno para a cidade. “O que ele fez foi uma covardia, fico com a sensação de insegurança, pelo fato de ser mulher e de ele ter matado uma mulher.”

A estudante Nívea Aparecida da Silva acredita ser errado que o goleiro tenha privilégios. “Se fosse uma pessoa comum, sem fama e dinheiro, continuaria preso, sem a possibilidade de transferência e sem o direito de sair trabalhar.”

Tatiane Santos também não concorda com a transferência do goleiro. “Me sinto incomodada com a possibilidade dele mudar para cá e também tenho um sentimento muito ruim pelo o que ele fez.”

Montes Claros FC não rescindirá contrato
O presidente do Montes Claros Futebol Clube, Ville Mocellin, chegou a afirmar que pretendia rescindir o contrato com o goleiro Bruno, mas no fim da manhã desta quarta-feira (16) ele reafirmou o compromisso do clube em manter o contrato com jogador.
Ville disse que “quer dar um oportunidade ao jogador, mas que as pessoas não conseguiram entender essa intenção” e têm sofrido grande pressão por parte de torcedores, moradores e empresário locais.
O presidente do time norte-mineiro afirmou que vai conversar com o advogado do goleiro Bruno ainda nesta quarta-feira (16).

O que diz a Lei
O juiz aposentado Cantídio Dias de Freitas esclarece que a permuta entre detentos de diferentes unidades prisionais pode ocorrer desde que exista um entendimento em comum entre os juízes que podem autorizar a mudança de local.

O magistrado também esclarece que é preciso avaliar também a situação do presidiário, levando-se em consideração, por exemplo, a proximidade dele com a família e a vontade de que a transferência ocorra.

Foto: Reprodução

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