Economia – 28/02/2012 – 17:02
O México vê um “grande ponto de interrogação” sobre a vontade do Brasil de salvar um acordo de livre comércio de automóveis, disse nesta terça-feira uma fonte próxima dos negociadores mexicanos, num caso que colocou em rota de colisão comercial as duas maiores economias da América Latina.
O Brasil, alarmado por um aumento das importações de automóveis mexicanos mais competitivos, tem dito que quer revisar o acordo, ou do contrário, o romperá.
O secretário de Economia mexicano, Bruno Ferrari, e a secretária de Relações Exteriores, Patricia Espinosa, se reunirão na tarde desta terça-feira em Brasília com autoridades brasileiras para tentar salvar o acordo.
“Nossas expectativas são reservadas. Até o momento há muita incerteza: se vão falar dos caminhões, das regras de origem, se agora querem cotas. Tudo isso gera um grande ponto de interrogação”, disse a fonte mexicana, que pediu para não ser identificada.
Golpeado por uma excessiva apreciação do real, que reduziu a competitividade de sua indústria, o Brasil exigiu neste mês uma revisão do acordo de livre comércio de automóveis que contribuiu para um déficit comercial de 1,7 bilhão de dólares junto ao México em 2011.
Fontes brasileiras próximas das negociações disseram que o governo quer fixar cotas para a importação de automóveis mexicanos. Outras propostas sobre a mesa são a inclusão de veículos pesados no acordo e elevação do conteúdo mexicano nos carros importados do país.
O Brasil disse que o acordo com o México é incongruente com seus esforços para proteger a indústria afetada por uma avalanche de importações baratas. A determinação em forçar uma revisão ou rescisão do acordo ilustra o tom crescentemente protecionista da maior economia da América Latina.
“Acabar com um acordo como o que temos não só afeta a indústria, mas significa dar um golpe na integração latino-americana”, disse a fonte mexicana. “Estamos tentando criar um sistema moderno e aberto e lamentavelmente o Brasil vai em sentido contrário”, acrescentou. “Que credibilidade podem ter os países que não cumprem o que foi pactuado?”
A fonte disse que a delegação mexicana viajou a Brasília com a intenção de achar uma solução. Mas disse que minutos antes da reunião, não tinham uma ideia precisa do que o Brasil quer.
“Não temos recebido, até o momento, mais do que mensagens de maneira indireta”, disse.
Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o comércio de automóveis e autopeças entre ambos os países foi de cerca de 4,3 bilhões de dólares em 2011, volume que representa 47 por cento do fluxo comercial entre os dois países.
Fonte: Reuters