Geral – 02/05/2013 – 15:05
Um relatório secreto da Presidência da República acusa um membro alto escalão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de usar, com autorização da cúpula do órgão, verba sigilosa para contratar a empresa de sua própria mulher. A auditoria diz que a empresa e as notas fiscais apresentadas para comprovar os serviços seriam “fictícias”. Segundo o documento, a empresa – apesar de ter sido usada para aluguel de carros, emissão de passagens e deslocamentos de agentes – é na verdade uma lojinha de souvenirs em Brasília. De 2006 a 2011, a Razen Turismo e Locadora de Veículos Ltda., registrada em nome de Iolanda Ferreira Guimarães e Johnatan Razen Ferreira Guimarães, esposa e filho de José Ribamar Reis Guimarães, então coordenador-geral de operações de contrainteligência da Abin, recebeu R$ 134.577 dos cofres públicos sem que tenha comprovado despesas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Os pagamentos foram feitos com por meio dos cartões corporativos sigilosos da agência. Somente no governo Dilma Rousseff as verbas secretas da Abin chegaram a R$ 24,4 milhões. O relatório diz ainda que a prática foi adotada nos jogos Pan-Americanos de 2007 e cobre novas investigações. Segundo a Abin, a contratação da empresa estava prevista no Plano de Operações 01/2006, que tinha como objetivo a Operação Milhagem, montada para “acompanhar e eventualmente neutralizar a ação de estrangeiros suspeitos de prática de ações adversas à segurança da sociedade e do Estado, inclusive espionagem”. A operação previa ações em Brasília e São Luis (MA), incluindo o disfarce dos agentes que se passariam por operadores de viagens e guias turísticos. Contudo, os investigadores da Presidência rastrearam as notas fiscais emitidas por Ribamar e descobriram que a Abin aceitava como comprovante notas da Razen sem que fossem comprovadas as despesas. Por telefone, Ribamar informou que seguiu o manual de contratação da Abin e que o assunto está sendo tratado no âmbito da direção-geral da agência. “É fantasioso”, disse sobre o relatório.
Fonte: Correio do Estado


