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Quase 90% dos jovens terminam o ensino médio sem aprender matemática

Educação – 06/03/2013 – 13:03

A grande maioria dos jovens brasileiros termina o ensino médio com desempenho abaixo do esperado em matemática. Quase 90% fizeram menos de 350 pontos no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2011, avaliação aplicada pelo Ministério da Educação (MEC), em uma escala que vai de 250 a 450. Isso significa que os alunos não conseguem, por exemplo, resolver um problema de cálculo de distâncias e alturas usando razões trigonométricas ou calcular a área de uma pirâmide.

A pontuação de 350 foi estabelecida como nível adequado de conhecimento pelo Movimento Todos pela Educação. Nesta quarta-feira (6), a instituição divulgou a 5ª edição do relatório De Olho nas Metas, que acompanha indicadores educacionais relacionados a cinco metas: atendimento escolar à população de 4 a 17 anos, alfabetização, desempenho dos alunos de ensino fundamental e médio, conclusão dos estudos e financiamento da educação.

No caso do aprendizado dos alunos de ensino médio, não só o país não cumpriu as metas determinadas pelo Movimento Todos pela Educação, como houve um retrocesso. A expectativa era de que a taxa de jovens com desempenho adequado em matemática passasse de 11% para 20%, mas recuou para 10,3%. Em língua portuguesa, o ideal era que o índice chegasse a 31%, mas ficou estacionado em 29%. “O desempenho do país nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio é sofrível, e pede ações urgentes para estancar o descolamento em relação à projeção das metas”, diz o relatório. 

Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária de Educação de São Paulo, afirma que o país ainda não conseguiu resolver problemas estruturais do ensino médio. Um currículo extenso e pouco atrativo, a baixa carga horária e a desconexão do ensino com a realidade dos jovens e o mundo do trabalho contribuem para o abandono escolar. “Os que concluem essa etapa são verdadeiros sobreviventes do sistema”, diz Maria Helena, que atualmente é diretora da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A taxa de abandono (proporção entre o número de alunos que se evadem durante o ano letivo e o de matrículas) em 2011 ficou em 11,8%. Nos anos finais do ensino fundamental é de 4,4%. O estudo “Motivos da Evasão Escolar”, publicada em 2009 por Marcelo Neri, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que 40,3% dos jovens evadidos do sistema deixaram a escola alegando “falta de interesse”, o que sugere consequências relacionadas à qualidade do ensino.

Valéria Riccomini, diretora da Fundação Itaú social, diz que o principal desafio do ensino médio é que os jovens já chegam a essa etapa com defasagem de conhecimentos. Apenas 27% dos estudantes do 9º ano (8ª série) superaram a marca de 275 pontos em língua portuguesa na Prova Brasil de 2011 ante a meta de 32%. A grande maioria deles sai do ensino fundamental sem saber estabelecer, por exemplo, relação causa e consequência entre partes e elementos do texto. Em matemática, a distância se torna ainda mais acentuada e somente 17% dos estudantes superaram os 300 pontos, contra uma meta desejável de 25%. Um grupo pequeno deles, portanto, termina a primeira etapa da educação básica sabendo ler gráficos de colunas ou usar porcentagem. “O professor da segunda etapa do ensino fundamental precisa ser melhor qualificado, e o projeto pedagógico das escolas precisa olhar para a necessidade dos alunos”, afirma Valéria.

As especialistas dizem que o Brasil precisa de políticas públicas mais ambiciosas para o ensino médio. “Alguns Estados, como São Paulo e Pernambuco, têm feito esforços para ampliar o tempo de estudo, deixar o currículo melhor distribuído e ter um corpo de professores que se dedique a uma só escola. É um caminho”, afirma Maria Helena. Ela cita ainda iniciativas em outros países para melhoria da qualidade, como maior investimento na profissionalização e a possibilidade de os jovens se dedicarem a interesses específicos, como artes e economia criativa.

Outras metas

O país atingiu a marca de 92% da população de 4 a 17 anos matriculada na escola, mas a meta do Todos pela Educação para 2011 era de 94,1%. Isso significa que mais de 3 milhões de crianças e adolescentes não têm acesso à educação.

A oferta de vagas na pré-escola é outro desafio brasileiro. A cada cinco crianças entre 4 e 5 anos, uma não encontra vaga. O país precisaria criar 1.050.560 vagas para atender todas a população dessa faixa etária. Na região Norte, apenas 71,3% das crianças estão matriculadas na pré-escola; situação quase idêntica é a encontrada na região Sul, com 71,4%.

Uma das metas do Movimento é garantir que todo aluno conclua o ensino fundamental até os 16 anos e o ensino médio, até os 19 anos. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2011 e divulgada em 2012, estamos nos distanciando da projeção ao longo dos anos. Cerca de 65% dos estudantes concluíram o ensino fundamental na idade certa e apenas 51% terminaram o ensino médio com 19 anos. Ambos os valores estão abaixo das metas – respectivamente, 73% e 54%.

  

Fonte: ÉPOCA

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