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No Enem, detentos de MS conquistam vagas em universidades

Educação – 11/02/2013 – 08:02

Aprovado com bolsa integral pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) para cursar Serviço Social em uma universidade de Campo Grande, o reeducando Thiago Lobo Ghisleni, 28 anos, é um dos 836 detentos que realizaram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado, e agora sonha com uma nova vida que o diploma de nível superior poderá proporcionar.

“Acredito em uma mudança completa. É uma reinserção na sociedade. Quero me firmar, dar orgulho para a minha família. Eu errei, mas estou correndo atrás. Acredito que ainda há tempo para recomeçar”, afirma Thiago emocionado, garantindo que enfrentará e passará por cima de qualquer dificuldade ou preconceito.

Atualmente cumprindo pena em regime semiaberto, no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, ele conta que retomou os estudos quando estava preso no Presídio de Segurança Máxima da Capital – após dez anos sem frequentar a escola –, onde concluiu o ensino fundamental. A certificação do ensino médio veio por meio da nota obtida no Enem, que o garantiu também a vaga na faculdade. 

Dados da Divisão de Educação da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) apontam que no Enem Prisional 2012 o índice de aprovação entre os reeducandos de Mato Grosso do Sul foi de cerca de 60%, entre aprovação total e parcial (nesse caso não em todas as áreas de conhecimento), somando 495 internos. Dos 27 que conseguiram ser aprovados totalmente, e, assim, poderiam concorrer a uma vaga no ensino superior, 17 foram inscritos em programas como o Prouni e o Sistema de Seleção Unificada (SiSU).

O índice positivo, na opinião da chefe da Divisão de Educação, Elaine Arima Xavier Castro, se deve à política educacional implantada nos estabelecimentos penais do Estado. De acordo com Elaine, esse é o primeiro ano em que se abriu essa oportunidade de os custodiados de MS serem inscritos em programas de acesso à universidade. “

Aprovado na UFMS

Interno do Instituto Penal de Campo Grande (IPCG), Virgílio Jorge Morais Filho, 30 anos, não vê a hora de progredir de regime (sair do fechado para o semiaberto) para poder cursar a faculdade de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Ele foi um dos aprovados no curso pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

“Eu estudei bastante para passar. Além de prestar muita atenção nas aulas aqui no presídio, ainda estudava algumas horas na cela, com livros emprestados pelos professores”, revela.

Virgílio informa que aguarda receber o benefício de progressão de pena para o mês de março e pleitear uma transferência para a cidade do interior onde tem o curso para o qual ele foi aprovado.

Para o futuro, o reeducando acredita que a formação em uma área voltada para a informática poderá abrir muitas portas: “É uma área que eu gosto muito e sei que tem bastante campo profissional. Acredito que vai ser uma mudança de vida, uma forma de eu cuidar da minha filha com dignidade”.

Educação nos presídios

Conforme levantamento da Divisão de Educação da Agepen, no ano de 2012 foram matriculados 2013 alunos em escolas instaladas em 26 estabelecimentos prisionais de MS, pelo Sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Para este ano, a Secretaria de Estado de Educação (SED) e a Agepen abriram novas turmas para o oferecimento do ensino fundamental completo nas unidades fechadas de Cassilândia, Dois Irmãos do Buriti e Paranaíba. Para o Estabelecimento Penal Feminino de São Gabriel, haverá a implantação de uma nova sala “multisseriada”, contemplando do 5° ao 9° anos.

Também serão abertas extensões escolares no Estabelecimento Penal de Coxim e no semiaberto de Corumbá, onde ainda não haviam escolas instaladas. Tal iniciativa, deverá ampliar o número de detentos em sala de aula.

Fonte: Keila Terezinha Rodrigues

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Exportações de alimentos caem US$ 300 milhões em agosto, aponta ABIA

A balança comercial da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) registrou uma queda de US$ 300 milhões nas exportações de alimentos industrializados em agosto, o que representa uma retração de 4,8% em relação a julho. No total, o setor exportou US$ 5,9 bilhões no mês. O principal fator para a queda foi a redução nas compras dos Estados Unidos, que importaram US$ 332,7 milhões em agosto — queda de 27,7% em relação a julho e de 19,9% na comparação com agosto de 2024. TARIFA Segundo a ABIA, o resultado reflete a nova tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, além da antecipação de embarques em julho, antes da entrada em vigor da medida. Em julho, os EUA haviam importado US$ 460,1 milhões em alimentos industrializados do Brasil. Os produtos mais afetados foram: Açúcares: queda de 69,5% Proteínas animais: recuo de 45,8% Preparações alimentícias: baixa de 37,5% INFLEXÃO “O desempenho das exportações nos dois últimos meses evidencia uma inflexão clara: o crescimento expressivo de julho foi seguido por ajuste em agosto, sobretudo nos EUA, impactados pela nova tarifa, enquanto a China reforçou seu papel como mercado âncora”, afirmou João Dornellas, presidente executivo da ABIA. Segundo Dornellas, a retração indica a necessidade de o Brasil diversificar seus parceiros comerciais e ampliar sua capacidade de negociação. MÉXICO Com a queda nas exportações aos EUA, o México despontou como um dos mercados em ascensão. As exportações para o país cresceram 43% em agosto, totalizando US$ 221,15 milhões — cerca de 3,8% do total. O principal produto comprado pelos mexicanos foram proteínas animais. “O avanço do México, que coincide com a retração das vendas aos Estados Unidos, indica um possível redirecionamento de fluxos e a abertura de novas rotas comerciais, movimento que ainda requer monitoramento para identificar se terá caráter estrutural ou apenas conjuntural”, afirmou a ABIA. IMPACTO A projeção da entidade é de que os impactos da tarifa norte-americana se intensifiquem no acumulado de 2025. Entre agosto e dezembro, a estimativa é de uma retração de 80% nas vendas para os EUA dos produtos atingidos pela tarifa, com perda acumulada de US$ 1,351 bilhão. CHINA A China manteve a liderança entre os compradores de alimentos industrializados brasileiros, com importações de US$ 1,32 bilhão em agosto — alta de 10,9% sobre julho e de 51% em relação ao mesmo mês de 2024. O país asiático respondeu por 22,4% das exportações do setor no mês. OUTROS Outros mercados apresentaram desempenho negativo: Liga Árabe: queda de 5,2%, com US$ 838,4 milhões importados União Europeia: retração de 14,8% sobre julho e de 24,6% na comparação com agosto de 2024, com compras de US$ 657 milhões No acumulado de janeiro a julho de 2025, as exportações do setor somaram US$ 36,44 bilhões, uma leve queda de 0,3% em relação ao mesmo período de 2024. A principal causa foi a menor produção de açúcar durante a entressafra. SUCO Um dos poucos segmentos que registrou crescimento foi a indústria de suco de laranja, que não foi afetada pelas tarifas. Em agosto, o setor teve alta de 6,8% em relação a agosto de 2024, embora tenha recuado 11% frente a julho por causa da antecipação de embarques. EMPREGO A indústria de alimentos fechou julho com 2,114 milhões de empregos formais e diretos. No comparativo interanual, o setor criou 67,1 mil novas vagas entre julho de 2024 e julho de 2025, o que representa crescimento de 3,3%. Somente em 2025, foram abertos 39,7 mil postos diretos e outros 159 mil na cadeia produtiva, incluindo agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.