Segundo Tawfik Jelassi, da Unesco, a desinformação é hoje o principal risco global, superando ameaças como mudanças climáticas, crises ambientais, migração, violência e terrorismo. Essa conclusão está alinhada com relatórios do Fórum Econômico Mundial e das Nações Unidas, que apontam que os países estão vulneráveis e despreparados para lidar com o impacto desse problema.
Jelassi defende uma ação coordenada globalmente para enfrentar esse desafio, incluindo a regulamentação das plataformas digitais e maior responsabilidade das próprias empresas de tecnologia. Como elas operam além de fronteiras nacionais, somente um esforço conjunto internacional pode ser eficaz.
Um estudo do MIT citado por Jelassi mostra que mentiras se espalham 10 vezes mais rápido que verdades. Isso torna o combate à desinformação um problema urgente, já que uma vez disseminada, o dano é difícil de reverter. Por isso, a prioridade deve ser a prevenção.
Tecnologia como força para o bem
Para Jelassi, a tecnologia é neutra: pode servir ao bem ou ao mal. Ele defende seu uso ético, especialmente no combate à desinformação e na promoção de conteúdos factuais e confiáveis. A Unesco tem trabalhado para que as tecnologias da informação e a comunicação sejam tratadas como bens públicos, promovendo educação, saúde, agricultura e o enfrentamento das mudanças climáticas.
Ética na inteligência artificial
Desde 2018, antes do boom da IA generativa, a Unesco lidera discussões sobre a ética no uso da inteligência artificial. Em 2021, 193 países aprovaram uma recomendação global sobre o tema. Hoje, mais de 70 países, incluindo o Brasil, estão implementando essas diretrizes.
Jelassi alerta para a velocidade do avanço tecnológico, que supera a capacidade regulatória dos governos. Ele destaca que a IA já impacta profundamente áreas como educação e agricultura e que é necessário garantir que ela respeite a dignidade humana, a privacidade e os direitos fundamentais.
Responsabilidade das plataformas digitais
O diretor da Unesco afirma que as plataformas digitais precisam ter governança eficaz, com moderação e curadoria de conteúdo, combatendo desinformação, discurso de ódio e assédio. Ele cita o LinkedIn como um exemplo positivo de plataforma que cumpre sua missão sem propagar conteúdo prejudicial.
Jelassi aponta que o atual modelo de negócios das redes sociais favorece a viralização da desinformação: quanto mais cliques, mais lucro. Por isso, ele reforça que as empresas de tecnologia têm responsabilidade primária no combate às fake news.
Transformação digital no setor público
Nos dias 4 e 5 de junho de 2025, a Unesco realizará uma conferência global em Paris sobre a transformação digital no setor público. A ideia é discutir como governos podem oferecer serviços mais eficientes por meio da tecnologia, e como é essencial investir no desenvolvimento das competências dos servidores públicos.
A Unesco acredita que capacitar os recursos humanos é a base de qualquer estratégia de transformação digital bem-sucedida. A inteligência artificial, nesse contexto, é vista como uma aliada para modernizar os serviços públicos de forma ética e responsável.
Com informações Agência Brasil