26.4 C
Três Lagoas
sexta-feira, 4 de julho, 2025

Manicure de Três Lagoas luta para provar que está viva e se revolta com indenização de apenas R$ 3 mil

Após ser declarada morta no SUS, mulher de 57 anos enfrenta calvário judicial para ter direito à saúde, pagar tratamentos do próprio bolso e ainda contesta valor irrisório fixado como reparação por danos morais.

Um erro grotesco no sistema de saúde pública transformou a vida de Rozangela Marquiza Gomes da Silva, de 57 anos, em um verdadeiro roteiro de terror e descrença. Moradora de Três Lagoas, no interior do Mato Grosso do Sul, a manicure foi surpreendida, em 2021, com a notícia de que havia sido oficialmente declarada morta pelo SUS — mesmo estando viva, ativa e buscando atendimento em uma unidade básica de saúde.

A situação surreal veio à tona quando Rozangela procurou o posto do bairro para realizar um procedimento odontológico e teve seu atendimento negado. O motivo? Seu prontuário indicava óbito. Sem alternativa, ela recorreu ao atendimento particular, gastando mais de R$ 4 mil em tratamento, prótese dentária e demais cuidados que deveriam ter sido custeados pelo sistema público de saúde.

“Eu tive que pagar tudo sozinha. E ainda ouvi que não havia nada a ser feito porque, no sistema, eu estava morta. Agora estou viva e querendo justiça”, declarou Rozangela, que precisou, literalmente, “ressuscitar” nos registros oficiais.

O episódio foi parar na Justiça. No entanto, o valor definido como compensação pelos danos morais foi motivo de nova indignação: apenas R$ 3 mil, além de R$ 1 mil destinados aos honorários advocatícios. Para a defesa da vítima, representada pelo advogado Deosdete de Oliveira Marquiza, o valor é simbólico e não representa a extensão do sofrimento e dos prejuízos causados. “Não é só uma questão de dinheiro. É o absurdo de alguém precisar provar que está viva para ser atendida em um serviço básico”, afirmou o advogado.

Como se não bastasse, o filho de Rozangela, então com 16 anos, passou por situação idêntica no mesmo ano: também foi considerado morto no sistema e teve atendimento negado. O caso só foi resolvido com nova intervenção judicial.

A principal suspeita é de que os erros tenham origem na exposição de dados pessoais ocorrida em 2019, quando milhões de registros do Ministério da Saúde ficaram vulneráveis. Desde então, falhas cadastrais têm gerado confusões em todo o país — e em Três Lagoas, o impacto foi trágico para essa família.

Ambos os recursos — da Prefeitura de Campo Grande, que tentou se eximir da responsabilidade, e da defesa de Rozangela, que pedia maior indenização — foram negados pelo juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 3ª Vara de Fazenda Pública.

Enquanto isso, Rozangela segue viva, ativa e determinada a não deixar sua luta cair no esquecimento. “Não quero que ninguém mais passe por isso. Porque estar vivo e ser tratado como morto é uma dor que não tem explicação.”

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

Prefeitura assina concessão com empresa de iluminação pública em Três Lagoas

Contrato de R$ 59,3 milhões prevê troca de lâmpadas antigas por LED, ampliação de pontos de luz e início imediato das obras para modernizar a infraestrutura urbana e garantir mais segurança à população.

Confira a agenda esportiva de Três Lagoas para este final de semana

Diversas modalidades movimentam os ginásios e campos de Três Lagoas com disputas entre equipes locais neste sábado(05) e domingo(06).

Três Lagoas marca presença em edição histórica das Paralimpíadas Escolares de MS

Evento acontece de 11 a 13 de julho em Campo Grande e deve reunir 350 estudantes de 17 municípios Três Lagoas será um dos 17...