21.4 C
Três Lagoas
quinta-feira, 19 de junho, 2025

Repressão na Cracolândia leva à dispersão de usuários de drogas

A repressão e violência sistemática nas cenas abertas de uso de drogas no centro de São Paulo têm levado à dispersão das pessoas para outros espaços públicos da cidade, apesar de continuarem a fazer uso de substâncias. A avaliação é da antropóloga Amanda Amparo, pesquisadora em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (USP).

A prefeitura de São Paulo anunciou uma redução de 73,14% no fluxo de pessoas na Rua dos Protestantes, na Cracolândia, entre janeiro e dezembro de 2024. Nesse período, foram registrados 18.714 encaminhamentos para serviços municipais. Além disso, 679 pessoas alcançaram autonomia financeira, 308 conquistaram autonomia de moradia e 261 reconstruíram vínculos familiares. O Programa Operação Trabalho Redenção teve 1.802 participantes.

Amanda Amparo concorda que a quantidade de pessoas na região caiu, mas afirma que a dispersão para outros locais não significa uma redução efetiva. “A concentração de pessoas ali, por conta da repressão e violação de direitos humanos, tem feito com que elas não fiquem mais no mesmo local”, explicou. Muitas saem durante o dia, mas retornam à noite.

A antropóloga relata frequentes agressões contra os usuários e compara o fechamento com grade a um “zoológico”. Segundo a prefeitura, as operações policiais no local foram ampliadas, e o número de prisões e apreensões aumentou de 5.455 para 6.074 entre janeiro e setembro de 2024.

Cercadinho e limpeza

Roberta Costa, integrante da Craco Resiste, avalia que o levantamento da prefeitura reflete a “tortura cotidiana” vivida por pessoas em situação de vulnerabilidade. Ela critica a política pública que espalha as pessoas pela cidade, aumentando a população em situação de rua e agravando as condições de vida.

Roberta também critica a limpeza diária realizada pela prefeitura na Rua dos Protestantes. A Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos do município informou que são feitas duas ações de limpeza diárias, acompanhadas pelas forças de segurança. “A limpeza é a institucionalização da humilhação de pessoas socialmente desprotegidas”, disse Roberta. No momento da limpeza, as pessoas são retiradas do local e obrigadas a voltar para o cercadinho pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). Roberta relata casos de violência física e psicológica durante essas ações.

De acordo com Amanda Amparo, a maior circulação das pessoas não significa que a prefeitura conseguiu impactar positivamente suas vidas. Vias como a Avenida Duque de Caxias, Rua dos Gusmões, Rua Helvétia, Rua Barão de Piratininga e Avenida São João têm se tornado locais de concentração de usuários de drogas.

Amanda Amparo ressalta que a dispersão cria várias cenas de concentração de uso problemático de drogas, o que dificulta o cuidado das pessoas em situação de vulnerabilidade. Roberta Costa explica que a dispersão dificulta o vínculo necessário para cuidar dessas pessoas. “O Poder Público não ajuda a cuidar, ainda faz o desfavor de violentar e espalhar as pessoas”, lamentou.

Com informações Agência Brasil

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

MS recebe fórum participativo para planejar os próximos 25 anos do País

O evento contou com a participação dos vereadores da capital, prefeitos, representantes do setor privado, da academia, sociedade civil e secretários do Governo do Estado.

Prefeitura e Sindicato mantem diálogo para melhorias à servidores

Nesse momento, os 60 profissionais entre ACS e ACE, que ingressaram na Administração Municipal em 1997, por meio de processo seletivo têm um prazo de 60 dias para decidirem se vão aderir ao decreto.

Hemosul homenageia doadores no 14 de junho

A Rede participa da campanha nacional “Um Final Feliz”, que une 18 hemocentros em uma mobilização pela solidariedade e pela vida.