26 C
Três Lagoas
terça-feira, 8 de julho, 2025

Indonésia usa armadilhas mortais para acabar com “surfistas de trens”

Internacional – 26/01/2012 – 14:01

Autoridades instalam estruturas com bolas de cimento, de 3 kg cada, sobre as vias

As autoridades ferroviárias da Indonésia instalaram armadilhas mortais nas vias dos trens para impedir que arruaceiros viajem no teto dos vagões e assim obrigá-los a passar pela bilheteria e comprar o bilhete.

Os “surfistas de trem” são um grupo heterogêneo e cada vez maior, formado por indonésios sem dinheiro suficiente para pagar a passagem ou que querem fugir da aglomeração no interior do vagão e por aqueles que sobem no teto apenas por diversão.

“Dá uma sensação refrescante”, disse à Agência Efe Andi, de 23 anos, um policial que conhece os perigos de viajar sobre os vagões dos trens que percorrem a ilha de Java, a mais povoada deste arquipélago, com 240 milhões de habitantes.

“É arriscado, sim, mas o bilhete é muito caro para mim e, mesmo comprando, não há garantia de encontrar um lugar dentro do trem porque está sempre lotado”, explicou o jovem, lembrando como quebrou uma perna há alguns anos ao cair do alto de um vagão.

“O que o governo tem que fazer para acabar com este problema é baratear a passagem e pôr mais vagões”, opinou.

Como Andi, milhares de pessoas, a maioria homens de 18 a 35 anos, viajam diariamente da casa para o trabalho no teto dos vagões dos trens, apesar das reiteradas advertências das autoridades sobre o risco de morte.

As autoridades tentaram dissuadi-los jogando jatos de tinta vermelha, com matilhas de cães adestrados e até recorreram à ajuda das mensagens de líderes religiosos. Mas nenhuma destas táticas surtiu o efeito que a empresa nacional de ferrovias esperava para acabar com os viajantes clandestinos.

O novo método idealizado pela companhia ferroviária PT Kereta Api consiste em uma estrutura que atravessa de um lado ao outro a pista da via, onde foi pendurada uma cadeia de bolas maciças de cimento, de três kg cada, que passam a poucos centímetros do teto do vagão.

Desta forma, à medida que o trem se desloca, as bolas batem com força contra o teto do vagão e o impacto em uma pessoa poderia acarretar sérias consequências, além de derrubá-la no chão.

Porém, os idealizadores do projeto não deram detalhes sobre o que poderia acontecer a uma pessoa que insistisse em subir no teto dos vagões.

Krisna Nugraha, um morador de Bekasi, a primeira localidade na qual foi instalado o novo sistema, relatou que o método já está sendo burlado pelos “surfistas” acostumados a desviar de todo tipo de obstáculos.

“Não irá adiantar nada, há espaço suficiente para que os vagabundos subam sem bater nas bolas”, argumentou Nugraha.

A iniciativa foi criticada por grupos de defesa dos direitos humanos, que denunciam que esta medida põe em risco a vida das pessoas. O porta-voz da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Ifdhal Kasim, frisou que “esta medida é um exemplo da falta de vontade dos burocratas em buscar outras opções e põe muitas vidas em perigo”.

Kasim acrescentou que as autoridades podem adotar medidas mais seguras, como atrasar a partida do trem da estação até garantir que não há pessoas no alto dos vagões.

O porta-voz da companhia ferroviária, Mateta Rizahulhaq, disse que “violação dos direitos humanos é viajar no teto do trem” e sustentou que a empresa tentou de tudo antes de adotar esta medida extrema.

De acordo com Rizahulhaq, em média duas pessoas morrem todo mês após caírem dos vagões. A lei indonésia estabelece penas de até três meses de prisão e multas de US$ 1.677 (R$ 2.956) para as pessoas que viajarem no teto dos trens, embora raramente elas sejam aplicadas.

A infraestrutura ferroviária e os trens da Indonésia estão em péssimas condições, apesar do elevado número de viajantes que transportam.

Fonte: R7 / Paula Regueira Leal/EFE

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

Moradores da Ocupação São João pedem revogação de Lei municipal durante reunião com a Prefeitura

Grupo reivindica permanência na área pública ocupada há quatro anos e questiona norma que exclui famílias do cadastro de habitação em Três Lagoas.

Proposto programa de estágio para estudantes do ensino médio em Mato Grosso do Sul

Projeto de Lei propõe programa de estágio para alunos do ensino médio da rede pública estadual, com foco em inovação, ciência e tecnologia.

Lei: Sancionada divulgação do Protocolo “Não é Não” em Mato Grosso do Sul

Lei 6.445/2025 determina a divulgação do protocolo “Não é Não” em Mato Grosso do Sul para prevenir e enfrentar a violência contra a mulher.