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Três jornalistas fizeram o Enem 2012 e contam bastidores da prova

Geral – 07/11/2012 – 10:11

O  portal UOL Educação pediu a três jornalistas que relembrassem seus tempos de ensino médio e fizessem as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2012. Nossos candidatos, de 37, 26 e 22 anos enfrentaram os dois dias de prova nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Maceió. Por timidez, eles preferiram não dar seus nomes, desejo que respeitamos.

De olho em problemas de segurança, nossos candidatos sabiam as regras do certame e partiram para a avaliação prontos para cumprir todas elas — até para evitar que eles, caçadores de notícias, se tornassem o assunto da prova como aconteceu em 2010 e 2011 quando repórteres se comunicaram com suas equipes de trabalho e transmitiram o tema da redação de dentro dos locais de prova.

Ao meu lado, no primeiro dia, estava um adolescente que conversava com o caderno de questões o tempo todo. Ele discutia, apontava, sorria, fazia gestos de repreensão aos textos. O candidato chamou a atenção de quem tentava se concentrar.

Por ser uma prova nacional com 5,7 milhões de inscritos, a padronização dos fiscais é um desafio. Segundo o MEC, 35 mil interessados participaram de treinamento a distância. O cachê de um fiscal é de R$ 150. 

De modo geral, nossos “enviados especiais” não tiveram problemas nem presenciaram situações graves em seus locais de prova.

Houve orientação – sinalização ou informação da organização da prova — da entrada até a porta da sala de aula. A marcação de tempo durante a prova também funcionou – a cada meia hora, um novo papel com o horário restante da prova era colocado na lousa e, na última hora, os sinais eram de 15 em 15 minutos. Como o inscrito não pode usar relógio, essa medida ajuda no controle do tempo – saber administrar os minutos é essencial uma vez que, em média, ele tem menos de três por questão. Explicamos o cálculo: são 90 questões para serem respondidas em quatro horas e os professores aconselham a separar meia hora para passar o cartão de respostas a limpo. No domingo, dia de redação, há mais uma hora na duração do exame que deve ser dedicada à produção do texto.

Celulares

Voltemos à fiscalização. Nossa “correspondente” mineira, que fez o Enem há nove anos comentou: “No primeiro dia, esperava um aparato de fiscalização um pouco mais exigente, levando em conta outras provas em que detector de metais e fiscais dentro do banheiro são parte do procedimento”.  Na sala em que ela ficou o fiscal apenas perguntava: “Trouxe celular?”. Na resposta positiva o candidato recebia orientações para desligar e guardar o aparelho. Caso dissesse que não trouxe, a palavra de confiança bastava. Se havia falta de caráter, excesso de confiança ou ausência de noção, o candidato podia esconder o aparelho. No entato, a regra é clara: uma vez flagrado, a desclassificação era certa.

Para o aluno que sente o peso da responsabilidade e do desejo pela conquista de uma vaga, a prova é muito cansativa. São 90 questões por dia e no último dia ainda tem a redação.

Nenhuma das questões pode ser ignorada, uma única questão pode ser decisiva no momento final da seleção.

Pelo menos 65 inscritos mantiveram os telefones consigo. E ainda postaram imagens da prova nas redes sociais. Foram descobertos. Uma adolescente de Sorocaba conversou com a mãe por mensagem durante uma hora. Então,  a mulher percebeu que sua filha ainda estava na sala de aula e dedurou sua própria cria. A menina, que era treineira, foi desclassificada.

Nossos candidatos deixaram seus celulares com os fiscais de prova. Por segurança.

Detalhes

Na entrada do primeiro dia, o “candidato” de São Paulo ligou para a redação para avisar: “a fila está de dobrar o quarteirão”. Ele, que fez ensino médio numa era pré-Enem, não teve de enfrentar tumulto na sua época. Em 1998, ano em que foi aplicado pela primeira vez, o exame teve 115 mil participantes. Neste ano, segundo dados preliminares do MEC (Ministério da Educação) , devem ter comparecido à prova em torno de 4,2 milhões de pessoas. Na Uninove Barra Funda, um dos locais mais populosos em que a prova é aplicada na capital paulista, é praxe: dez minutos antes do fechamento dos portões começa um certo tumulto. As ruas de acesso a esse local de prova parecem metrô em horário de pico ou show de uma banda bastante popular.

E é na frente dos locais de prova que surge uma figura bastante comum nos vestibulares: o vendedor de lápis, borracha, régua e caneta preta de tubo transparente. Dos itens de consumo, apenas o último é obrigatório e permitido durante o exame. Mas a ocasião faz a venda e os camelôs chegam a cobrar R$ 2 por uma caneta que, em condições normais, custa de R$ 0,40 a R$ 0,90.

Se o cartão de respostas não for preenchido com caneta preta, o inscrito não tem seus pontos computados pela leitora eletrônica. Em teoria, quem vai fazer a prova e leu o edital sabe disso. No local de prova paulistano em que nosso “repórter” fez a prova, por exemplo, ele se lembra de ter visto um colega de sala respondendo com esferográfica azul. Só no segundo dia, um dos fiscais da sala percebeu e avisou o rapaz.

Um novo tempo

Quando recebi o caderno de questões e comecei a ler os enunciados, lembrei dos velhos conselhos de professores: evite o ‘decoreba’, leia as perguntas com atenção

Sem pretensão de um bom desempenho e também sem preparo específico para o exame, a experiência foi um exercício para que nossos colegas estabelecessem relações entre seu repertório pessoal, o cotidiano e o conteúdo curricular aprendido anos atrás.

O que tiraram do Enem é que a prova realmente exige do candidato mais análise e interpretação de texto do que um conteúdo programático específico. Fórmulas e memorização de frases prontas não fariam efeito. Era preciso raciocinar, interpretar, fazer associações, compreender.

Como jornalistas, o tratamento cotidiano com textos parece ter ajudado — seja na hora de ler as questões seja na hora de escrever a redação. “Na minha época não se ensinava isso na escola. #AprendiNoEnem que os tempos mudam e com eles o aprendizado escolar”, brinca a inscrita que realizou o exame nos idos de 2003.

Para os professores de cursinho, a edição deste ano foi abrangente e explorou conteúdos de todo o currículo escolar com interdisciplinaridade. “É a primeira versão em que conseguem atingir grandes objetivos – domínios de conteúdos essenciais e avaliar habilidades e competências”, considera Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante

Longe da escola

Nessa edição do Enem, 14% dos inscritos tinham mais de 30 anos, informou o MEC (Ministério da Educação). Durante nossa cobertura, as histórias de quem tinha mais de 50 vieram com frequência diferente dos anos anteriores. Como a doméstica de 53 anos de Fortaleza que deseja mudar de  profissão ou o aposentado de 66 anos que decidiu virar professor. O “enviado” de São Paulo achou curioso a presença de diversos inscritos, aparentemente com mais de 40 anos, em sua sala. 

Polivalente, o Enem se presta a dar certificado de ensino médio a quem não frequentou a escola na idade correta e selecionar para vestibulares, além de ser condição para participar dos programas de bolsas de estudo (Prouni) e financiamento (Fies) do governo federal. 

Para aquele que, como nossos representantes, estavam longe da escola há algum tempo, a experiência cotidiana poderia ser subsídio para os lapsos de memória. “Posso dizer que não lembro qual fórmula usar para calcular a pressão d’água para uma ducha instalada em determinada altura. Mas quem já teve que enfrentar a instalação de um chuveiro deve ter ouvido que o encanamento tem de respeitar uma determinada extensão em relação à caixa d’água”, concluiu nosso candidato paulistano. “Claro que só experiência de vida e algum conhecimento não salvariam o candidato. O conhecimento matemático do dia a dia não seria suficiente para elucidar questões de movimento elíptico, volume e geometria”.

Fonte: Do Uol

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