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sexta-feira, 19 de setembro, 2025

Tebet quer entregar plano de desvincular benefícios da Previdência do salário mínimo até 2025

Ministra do Planejamento propõe que correções sejam feitas considerando a inflação e mais um porcentual, mas menor do que o previsto atualmente, que acompanha o PIB

De olho no “estrangulamento” da Previdência a partir de 2027, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, planeja entregar ao governo, até o fim de 2025, o plano de desvincular alguns benefícios da política de reajuste do salário mínimo.

Em entrevista em seu gabinete em Brasília, ela afirmou que todas as correções serão feitas considerando a inflação do período e possivelmente mais um porcentual, mas menor do que o previsto atualmente, que acompanha a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

“Já tenho um quadro que me mostra que eu preciso garantir, por exemplo, a aposentadoria do trabalhador, o abono salarial — se é que vai continuar, que é uma política que o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) confia —, o seguro desemprego, que é algo extremamente necessário, o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e tudo mais”, citou.

A ideia do Planejamento é levantar até o fim do ano que vem o impacto total da valorização do salário mínimo acima da inflação em cima desses benefícios. A partir daí, serão feitos exercícios. Por exemplo: usando-se a correção pelo IPCA mais 1%.

“Eu não vou desvalorizar essas políticas, vou fazê-las crescer acima da inflação”, garantiu, explicando que, se a taxa de crescimento do PIB continuar a ser usada, obrigará o governo a abrir espaço fiscal retirando políticas públicas consideradas essenciais.

Ela considerou que um reajuste de R$ 10 a R$ 15 a menos de benefício individual pode levar a uma redução de R$ 10 bilhões ou R$ 15 bilhões, hipoteticamente, e que esses recursos poderiam ser realocados em outros programas. “É preciso garantir que, com isso, ninguém fique fora do orçamento brasileiro ou da Previdência.”

Paralelamente a isso, a ministra aposta que a reforma tributária e o crescimento do País serão capazes de levar o governo a atingir a meta fiscal ou até mesmo gerar superávits. “O restante é dever de casa: gastar bem o que se tem. Então é uma questão de escolhas, não é? É repriorizar”, afirmou.

Ela reforçou o prognóstico de que, a partir de 2027, a Previdência vai começar a corroer mais recursos e a entrar no espaço fiscal das despesas obrigatórias. De qualquer forma, segundo Tebet, tem de ser apresentada pela sua Pasta uma proposta que tenha apoio não apenas do presidente como também do Congresso.

“No governo do presidente Lula ninguém vai revisar políticas públicas para fazer superávit, não é esse objetivo. Só que nós temos uma regra fiscal que exige que a gente tenha meta zero no ano que vem e, para eu alcançar a meta zero e para podermos minimamente ter sustentabilidade para que não tenhamos que revisá-la, temos que crescer”, defendeu.

“É o crescimento do Brasil acima das expectativas do mercado que vai fazer a gente alcançar a meta zero paralelamente a um controle fiscal, que é um controle de gastos. Ou seja: eu não vou criar moda.”Corte de gastos no atacado

A ministra enfatizou que 2023 e 2024 são anos de trabalho “no varejo” em relação à revisão de gastos. Quando a necessidade de se atuar “no atacado” surgir, explicou, ela terá de estar com todas as opções definidas no cardápio.

“Tenho que estar com as opções prontas para tomar uma decisão muitas vezes difícil, mas ela vai ter que ser tomada”, disse. Tebet fez um paralelo com a facilidade de aprovar esta semana no Congresso as medidas de socorro ao Rio Grande do Sul. Pelo seu raciocínio, não é preciso esperar que a situação chegue ao caos, mas que tentar passar pelos parlamentares medidas impopulares num momento em que ainda não há uma necessidade gritante é mais difícil.

A ministra reforçou que tem “convicção” de que a meta fiscal não pode ser mudada “de forma alguma” e que este é um pensamento compactuado também com o colega da Fazenda, Fernando Haddad.

“Acredito que seja a mesma linha do ministro da Fazenda, não é? Pelo menos, nas vezes que converso com ele, me garante isso”, relatou. Para Tebet, o arcabouço fiscal está muito focado ainda na meta fiscal, mas o cerne desse instrumento, de acordo com ela, é o limite de gastos em relação às receitas, que conta ainda com uma segunda trava, que é o teto de despesas de 2,5% para se fazer um trabalho anticíclico.

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Exportações de alimentos caem US$ 300 milhões em agosto, aponta ABIA

A balança comercial da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) registrou uma queda de US$ 300 milhões nas exportações de alimentos industrializados em agosto, o que representa uma retração de 4,8% em relação a julho. No total, o setor exportou US$ 5,9 bilhões no mês. O principal fator para a queda foi a redução nas compras dos Estados Unidos, que importaram US$ 332,7 milhões em agosto — queda de 27,7% em relação a julho e de 19,9% na comparação com agosto de 2024. TARIFA Segundo a ABIA, o resultado reflete a nova tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, além da antecipação de embarques em julho, antes da entrada em vigor da medida. Em julho, os EUA haviam importado US$ 460,1 milhões em alimentos industrializados do Brasil. Os produtos mais afetados foram: Açúcares: queda de 69,5% Proteínas animais: recuo de 45,8% Preparações alimentícias: baixa de 37,5% INFLEXÃO “O desempenho das exportações nos dois últimos meses evidencia uma inflexão clara: o crescimento expressivo de julho foi seguido por ajuste em agosto, sobretudo nos EUA, impactados pela nova tarifa, enquanto a China reforçou seu papel como mercado âncora”, afirmou João Dornellas, presidente executivo da ABIA. Segundo Dornellas, a retração indica a necessidade de o Brasil diversificar seus parceiros comerciais e ampliar sua capacidade de negociação. MÉXICO Com a queda nas exportações aos EUA, o México despontou como um dos mercados em ascensão. As exportações para o país cresceram 43% em agosto, totalizando US$ 221,15 milhões — cerca de 3,8% do total. O principal produto comprado pelos mexicanos foram proteínas animais. “O avanço do México, que coincide com a retração das vendas aos Estados Unidos, indica um possível redirecionamento de fluxos e a abertura de novas rotas comerciais, movimento que ainda requer monitoramento para identificar se terá caráter estrutural ou apenas conjuntural”, afirmou a ABIA. IMPACTO A projeção da entidade é de que os impactos da tarifa norte-americana se intensifiquem no acumulado de 2025. Entre agosto e dezembro, a estimativa é de uma retração de 80% nas vendas para os EUA dos produtos atingidos pela tarifa, com perda acumulada de US$ 1,351 bilhão. CHINA A China manteve a liderança entre os compradores de alimentos industrializados brasileiros, com importações de US$ 1,32 bilhão em agosto — alta de 10,9% sobre julho e de 51% em relação ao mesmo mês de 2024. O país asiático respondeu por 22,4% das exportações do setor no mês. OUTROS Outros mercados apresentaram desempenho negativo: Liga Árabe: queda de 5,2%, com US$ 838,4 milhões importados União Europeia: retração de 14,8% sobre julho e de 24,6% na comparação com agosto de 2024, com compras de US$ 657 milhões No acumulado de janeiro a julho de 2025, as exportações do setor somaram US$ 36,44 bilhões, uma leve queda de 0,3% em relação ao mesmo período de 2024. A principal causa foi a menor produção de açúcar durante a entressafra. SUCO Um dos poucos segmentos que registrou crescimento foi a indústria de suco de laranja, que não foi afetada pelas tarifas. Em agosto, o setor teve alta de 6,8% em relação a agosto de 2024, embora tenha recuado 11% frente a julho por causa da antecipação de embarques. EMPREGO A indústria de alimentos fechou julho com 2,114 milhões de empregos formais e diretos. No comparativo interanual, o setor criou 67,1 mil novas vagas entre julho de 2024 e julho de 2025, o que representa crescimento de 3,3%. Somente em 2025, foram abertos 39,7 mil postos diretos e outros 159 mil na cadeia produtiva, incluindo agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.