03/03/2015 – Atualizado em 03/03/2015
A Unidade, Cida Castro, conta com a boa fé dos seus servidores e dos pais para se manter em pé. Todos os utensílios utilizados na cozinha foram doados e os alimentos são guardados pelo chão ou em estante sem portas. A diretora luta para garantir alimentação básica aos alunos.
Por: Érika Moreira
O Centro de Educação Infantil (CEI), Prof.ª Maria Aparecida do Nascimento Castro, no Bairro Santos Dumont, em Três Lagoas (MS), foi surpreendida na manhã desta terça-feira (03) pela “visita” do Ministério Público da União (MPU). A Unidade foi surpreendida quando servia meio pão com manteiga, acompanhado de cerca de menos da metade de um copo de leite. A visita revelou ao representante do MPU, sob as ordens do procurador da República, Davi Marcucci Pracucho, que a tanto a alimentação como a forma de conservação e preparo está sendo realizada de forma irregular.
Segundo o representante do MPU, caso os CEI’s e as Escolas da Rede Pública Municipal não estejam cumprindo todas as normas da Lei 11.947/2009, que trata da alimentação escolar, a Procuradoria tomará as medidas cabíveis. “Estaremos vistoriando a pedido do procurador Marcucci para verificar se as Unidades de Educação estão cumprindo as diretrizes da Lei da Alimentação Escolar”, afirmou o servidor público que disse não ter autorização para se identificar devido a investigação que está realizando.
Questionada pela pouca quantidade de alimento oferecido às 469 crianças matriculadas no CEI, a diretora Augusta Lourenço Jacinto alega que os alunos já vêm alimentados de casa, pois são de família com poder aquisitivo mais alto. “A maioria das nossas crianças já chegam com o café tomado de casa, pois pertencem a famílias mais abastadas. Por isso, para não haver desperdício, reduzimos as porções oferecidas”, explicou.
A diretora com 40 anos de serviço público na Educação conta que praticamente todos os utensílios da cozinha foram doados pelos servidores da Unidade e que hoje há duas professoras remanejadas para auxiliar no preparo das merendas e uma merendeira contratada após sua demissão da Nutrisaúde – empresa que fornecia a alimentação para a toda Rede Escolar do Município.
“Infelizmente ainda temos muita luta pela frente para conseguir junto a Secretaria de Educação. Hoje mesmo estaremos indo falar com o secretário, Mário Grespan, para tentar conseguir um fogão industrial. O que temos de quatro bocas foi de doação”, relatou.
De acordo com a diretora, a Secretaria de Educação há dois dias passou a repassar uma verba, cujo valor não é pré-definido, para garantir suprimentos como carne, frango ou peixe. “Estamos tentando fazer o possível. Hoje teremos macarronada com carne moída. Infelizmente quando contávamos com a parceria com os produtores da agricultura familiar, havia muita fartura e variedade de alimentos. Hoje nossa realidade é comprar alguns alimentos indispensáveis, como a carne moída de hoje, e enviar as notas para que a Secretaria proceda o pagamento”.
CONSERVAÇÃO
Os poucos legumes e frutas estão armazenados em caixas plásticas. Suco de polpa é o que ocupa a maior parte do freezer e na geladeira há batata, tomate, iogurte e suco de caixinha.
O local não possui armários para armazenar os alimentos não perecíveis. Apenas uma estante de tijolos sem portas serve para guardar o que será servido nas próximas semanas. Nela são guardados leite, bolachas, dois pacotes de arroz, três litros de óleo, dois pacotes de feijão, vinagre, sal, macarrão parafuso e alguns saches de molho de tomate.
O espaço físico do CEI também apresenta inúmeros problemas – pintura em péssimo estado, cadeiras velhas, carrinhos, caixas de papelão jogadas pelo “quintal” da Unidade, assim como o mato começa a se espalhar pelos locais não concretados.
RECICLAGEM
A equipe de reportagem da Rádio Caçula também flagrou total descaso quando o assunto é reciclagem dos materiais descartados pelo CEI. As quatro lixeiras estão viradas de cabeça para baixo e cadeiras estão apoiadas em cima destas.
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