11/02/2016 – Atualizado em 11/02/2016
Por: UOL
Nas últimas semanas, o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou aos holofotes após a divulgação de reportagens sobre supostas irregularidades envolvendo um apartamento tríplex que seria de sua família no Guarujá (SP) e sobre a reforma de um sítio em Atibaia (SP) que teria sido bancada por um consórcio de empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato.
A reação do PT foi imediata. O presidente da legenda, Rui Falcão, afirmou que Lula é vítima de uma tentativa de “linchamento moral” por conta das eleições de 2018, nas quais o ex-presidente poderia disputar mais um mandato. Em meio a tantas informações, o UOL reuniu os principais casos envolvendo o nome do petista. Entre eles há inquéritos policiais e investigações conduzidas pelo Ministério Público que podem ou não, se transformar em denúncias. Até o momento, Lula não é réu em nenhum processo.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
Lula é investigado pelo MPF (Ministério Público Federal) do Distrito Federal por tráfico de influência em favor da Odebrecht. As suspeitas são de que o petista teria influenciado o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a financiar obras da Odebrecht fora do Brasil. Lula, que ainda não foi denunciado, nega as irregularidades.
A Odebrecht é uma das empresas investigadas pela Operação Lava Jato. Seu presidente, Marcelo Odebrecht, foi preso em junho de 2015.
Em outubro do ano passado, foi revelado que a Odebrecht pagou R$ 4 milhões por palestras de Lula no exterior. Há suspeitas de que o ex-presidente teria sido, na realidade, remunerado por facilitar operações da Odebrecht junto a governos estrangeiros como o da Venezuela e Angola. A Odebrecht, por sua vez, também nega qualquer irregularidade.
O juiz federal Sérgio Moro autorizou na última quinta-feira (4) a abertura de uma investigação exclusiva da Polícia Federal sobre as obras realizadas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP).
O local é frequentado pelo Lula e sua família.
Há suspeitas de que as construtoras Odebrecht e OAS pagaram pela reforma do local, ocorrida entre outubro de 2010 (enquanto Lula ainda era presidente) e janeiro de 2011. O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, também poderá ser investigado.
O sítio está em nome de dois sócios de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do Lula. O petista nega ser o dono do imóvel, mas registros das viagens do ex-presidente indicam que ele e seus familiares foram ao sítio pelo menos 111 vezes entre 2012 e janeiro de 2016.
Desde 2014, a PF investigava as relações entre a construtora OAS e a reforma do sítio. Testemunhas afirmam que a OAS gastou pelo menos R$ 180 mil em móveis para o sítio.
Em janeiro deste ano, uma reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” indicou que a construtora Odebrecht gastou cerca de R$ 500 mil em materiais para a obra.
Questionada sobre o assunto, a Odebrecht afirmou disse não ter ligação com a obra. A OAS não foi localizada para comentar a suposta compra de móveis para o sítio Santa Bárbara.
Em nota, o Instituto Lula disse que o ex-presidente “frequenta, em dias de descanso, um sítio de propriedade de amigos da família na cidade de Atibaia” e que “a tentativa de associá-lo (o sítio) a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem” de Lula.
Lula e sua mulher, Marisa Letícia, são investigados por de crime de lavagem de dinheiro pelo Ministério Público de São Paulo. Há suspeitas de que o casal tentou esconder a real propriedade de um apartamento tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá, cidade no litoral de São Paulo. O casal ainda não foi formalmente denunciado.
Todos os apartamentos do edifício Solaris também estão sob investigação da Lava Jato. O condomínio era um empreendimento da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que foi transferido para diversas incorporadoras, entre elas a OAS.
Segundo o juiz Sérgio Moro, há suspeitas de que a OAS teria utilizado o condomínio para o “repasse disfarçado de propinas a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras”.
Lula nega que sua família seja dona de um dos apartamentos tríplex sob investigação. Segundo o Instituto Lula, Marisa Letícia adquiriu uma cota-parte de um imóvel de três dormitórios no condomínio, mas não exerceu o direito de compra de um dos apartamentos do edifício. Ainda segundo a entidade, a cota-parte adquirida por Marisa Letícia foi declarada por Lula nas eleições de 2006, quando o petista foi candidato e venceu a reeleição.