Relatórios indicam que mineradora estava ciente de riscos na barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, que se rompeu no dia 25 de janeiro e causou centenas de mortes.
12/02/2019 14h58
Por: Mirela Coelho
Dois relatórios da Vale, um de 2017 e outro de 2018, indicam que a mineradora sabia dos riscos de rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho. Documento interno da Vale de novembro de 2017 afirma que a barragem, já naquela época, tinha uma chance de colapso duas vezes maior que o nível máximo de risco individual tolerável (Veja o vídeo).
Outro documento, de outubro de 2018, indicava que além de ter duas vezes mais chances de se romper do que nível máximo tolerado pela política de segurança da empresa, a barragem estava em uma “zona de atenção”.
A informação foi publicada pela agência de notícias Reuters e confirmada por fontes ligadas à investigação. Até a segunda-feira (11), 165 corpos já haviam sido resgatados da lama. Destes, 160 foram identificados. O número de desaparecidos é de 155 pessoas, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais.
Em nota, a Vale diz que não existe em nenhum relatório, laudo ou estudo conhecido, qualquer menção a risco de colapso iminente da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.
Além disso, a mineradora diz que “a barragem possuía todos os certificados de estabilidade e seguranças nacionais e internacionais”. A nota da mineradora afirma também que a barragem “estava dentro do limite de risco”.
Zona de atenção
O Ministério Público de Minas Gerais afirmou na segunda-feira (11), que além da Mina Córrego do Feijão, outras oito barragens da Vale estão em zona de atenção (Alarp Zone).
As barragens estão situadas em áreas próximas a núcleos urbanos, havendo pessoas residentes/transitando na zona de autossalvamento, ou seja, na região do vale a jusante da barragem a uma distância que corresponda a um tempo de chegada da onda de inundação (lama) igual a trinta minutos ou 10 km”.
Expansão de atividades
Embora os documentos indiquem que a Vale sabia do risco de rompimento, a mineradora seguiu com o plano de expansão das atividades do Complexo Paraopeba, onde fica a barragem que se rompeu.
Como o G1 revelou, a Vale obteve em dezembro de 2018 autorização do governo de MG para um conjunto de obras que ampliaram em 70% a produção do complexo. A solicitação havia sido feita em 2015.
Informação do site G1-MG