Com o objetivo de levantar dados precisos e atualizados sobre a população em situação de rua, a Prefeitura de Três Lagoas deu início ao Censo da População em Situação de Rua. A iniciativa, coordenada pelo prefeito Dr. Cassiano Maia, envolve as secretarias municipais de Saúde (SMS) e Assistência Social (SMAS) e segue até o dia 19 de maio.
Equipes do Consultório na Rua, Abordagem Social e Centro POP estão conduzindo o levantamento nos períodos da manhã e da tarde. Os profissionais coletam informações sobre origem, escolaridade, identidade racial e de gênero, uso de substâncias químicas, histórico de internações em unidades de recuperação e interesse em receber tratamento. A participação é voluntária e inclui a assinatura de documentos.
Além dos aspectos sociais e de saúde, o censo também identifica os locais da cidade com maior concentração dessa população, como as praças Ramez Tebet e Alvorada e a Lagoa Maior. Com esse mapeamento, será possível planejar ações mais eficazes a curto, médio e longo prazo para atender a essas pessoas.
Perfil e impacto do levantamento
Segundo a coordenadora do Consultório na Rua, Andreia Lima, o estudo permitirá não apenas conhecer o número de pessoas em situação de rua, mas também entender seu perfil epidemiológico. “Esse conhecimento é essencial para a formulação de políticas públicas mais adequadas na área da saúde e assistência social”, explicou.
O levantamento não se restringe apenas a indivíduos que residem nas ruas de forma permanente. Também são abordadas pessoas que utilizam esses espaços para o consumo de substâncias ilícitas, pois enfrentam desafios semelhantes de vulnerabilidade.
A coordenadora destacou ainda o envolvimento do prefeito Cassiano Maia, que busca compreender essa realidade para implementar medidas humanizadas e efetivas. “Três Lagoas é um polo econômico regional, o que atrai muitas pessoas. Grande parte da população em situação de rua vem de outras cidades. O prefeito está empenhado em oferecer acolhimento, oportunidades de reinserção social e tratamento para aqueles que desejam superar a dependência química”, afirmou.
Após a conclusão do censo, em 19 de maio, os dados serão apresentados ao prefeito, à vice-prefeita e secretária de Assistência Social, Vera Helena Arsioli, e às equipes das secretarias envolvidas. Uma reunião marcada para 23 de maio definirá novas estratégias de atendimento e políticas públicas voltadas a essa população.
Histórias que revelam a realidade das ruas
Durante a pesquisa, diversas trajetórias de vida emergiram, evidenciando a complexidade da situação. L.A.S., de 32 anos, recorre ao Centro POP para alimentação e higiene. “Morava com minha mãe, mas ela foi embora. Agora vivo em uma casa abandonada. Quero tentar uma vaga no Acolhimento POP. Meu objetivo é conseguir um trabalho e alugar uma casa”, contou ele, que já atuou como auxiliar de produção.
Outro caso é o de Y.B., de 62 anos, natural de Sumaré (SP). Após perder o emprego em Água Clara, passou a viver nas ruas de Três Lagoas há cerca de seis meses. Usuário de crack e álcool, sem familiares e abalado pela morte da esposa, enfrenta grande vulnerabilidade.
Rede de apoio na cidade
Três Lagoas conta com duas unidades públicas dedicadas ao atendimento da população em situação de rua:
- Centro POP: oferece alimentação diária, higiene pessoal, lavanderia e suporte social. Não funciona como abrigo noturno.
- Acolhimento POP: além dos serviços do Centro POP, permite estadia temporária para aqueles que desejam ser acolhidos.