Toninha Campos expõe caos nas linhas de ônibus e cobra explicações da empresa e da Prefeitura, que atribui o problema a uma disputa judicial e licitatória
A rotina de alunos e pais que dependem do transporte escolar rural nos distritos de Arapuá, Garcias e fazendas próximas se tornou um drama diário. O que deveria ser um serviço de qualidade para garantir o acesso à educação, tem sido marcado por atrasos, ônibus que chegam a ter portas amarradas por cordas, e uma aparente falta de organização nas linhas.
O problema veio à tona com força no programa da apresentadora Toninha Campos, da rádio Caçula FM, na quarta (27) e também nesta quinta-feira (28), que exibiu áudios e vídeos enviados por pais desesperados. Os relatos mostram o sofrimento das famílias: crianças que chegam à escola horas depois do início das aulas, e pais que precisam esperar por horas à beira da estrada. A situação é tão precária que, segundo os pais, a linha “Tio Mônico” sequer tem um ônibus fixo para atender os estudantes.
A controvérsia, no entanto, é mais complexa do que parece. A reportagem da rádio visitou a empresa responsável pelo serviço, a Viaforte, e o fiscal, Edson Tosetti, apresentou uma visão diferente. Ele defendeu a qualidade da frota, alegando que os ônibus são novos e passam por manutenção diária. Tosetti admitiu a ocorrência de problemas pontuais, como a porta amarrada com corda, que segundo ele foi uma falha técnica momentânea já resolvida. Ele culpou a poeira das estradas rurais pela sujeira e alegou que a irritação dos pais os impede de conversar de forma pacífica.



A Prefeitura, representada pelo secretário André Ribeiro, o Bacalá, entrou na discussão para esclarecer a situação do ponto de vista do governo. O secretário não negou os problemas e, inclusive, reconheceu que as condições de transporte eram precárias no passado. A razão para a atual crise, segundo ele, seria uma herança da administração anterior: um processo de licitação para o transporte escolar iniciado no ano passado foi paralisado por uma decisão judicial. Uma empresa que ofereceu o menor preço foi desqualificada, entrou com recurso e obteve uma liminar que suspendeu todo o processo. Com isso, a prefeitura não conseguiu fechar um contrato definitivo, e o serviço segue em um limbo legal.
O impasse coloca pais e alunos no centro de uma disputa complexa entre a empresa e a burocracia do poder público. Enquanto a questão jurídica não é resolvida e a prefeitura não consegue regularizar o contrato, a incerteza e os transtornos no transporte escolar rural persistem, prejudicando o acesso à educação de centenas de crianças.